Tipos de pimenta: conheça suas diferenças, benefícios e como usar
As pimentas são consumidas por um quarto da população mundial, principalmente como condimentos. Os frutos de pimenteiras são apreciados pela multiplicidade de formas, cores, tamanhos, sabores e pungência (graus de ardência).
Conheça mais sobre as principais pimentas, seus benefícios e aplicações na cozinha!
O que varia entre os diferentes tipos de pimenta?
Nem todas as pimentas pertencem à mesma família
As pimentas hortícolas e os pimentões pertencem à família Solanaceae e ao gênero Capsicum. São denominadas hortícolas para diferenciá-las de outras pimentas, como a Pimenta do Reino ou Pimenta Preta (família Piperaceae), a Pimenta Rosa (família Anacardiaceae) e a Pimenta da Jamaica (família Myrtaceae).
Embora todas elas sejam chamadas de pimentas e utilizadas como condimentos, não possuem parentesco entre si e cada uma delas apresenta propriedades químicas diferentes.
Família Solanaceae gênero Capsicum
O gênero Capsicum possui cerca de 20 espécies e os frutos maduros são geralmente vermelhos, mas podem também adquirir diferentes tonalidades de amarelo, laranja, verde, salmão, roxo e marrom. O formato dos frutos também é muito variável, podendo ser alongado, arredondado, triangular, campanulado e retangular.
Algumas das representantes do gênero são as pimentas: Cambuci, Serrano, Jalapeño, Cumari, Bode, Malagueta, Tabasco e Dedo-de-moça.
Os principais benefícios nutricionais do gênero Capsicum se devem ao teor de vitamina C, vitamina A e à presença de compostos bioativos como os flavonóides e outros compostos fenólicos e à capsaicina, substância relacionada ao grau de picância dessas pimentas.
Algumas das propriedades das pimentas do gênero Capsicum se referem ao seu poder antioxidante, protetor das células do corpo, prevenindo uma série de doenças, reforçando a imunidade e prevenindo os danos causados pelos radicais livres.
Família Piperaceae
Representada pelas Pimentas do Reino preta, branca e verde (fresca), a família oferece benefícios principalmente relacionados à substância piperina – atuante na prevenção de algumas doenças crônicas, com ação na redução da resistência à insulina e efeitos anti-inflamatórios.
Família Anacardiaceae
Esta grande família inclui mais de 70 gêneros e 700 espécies, apresentando também bastante variabilidade em relação a composição nutricional. Acredita que o caju e a Pimenta Rosa são “primos”? Eles pertencem a esta mesma família botânica.
Família Myrtaceae
A família Mytaceae é ainda maior do que a anterior! A família inclui cerca de 130 gêneros e 4 mil espécies. Myrtaceae representa uma das maiores famílias da flora brasileira! A Pimenta da Jamaica é um membro desta grande família.
Diversidade de sabor, benefícios nutricionais e aplicações
Tanta variedade de famílias e composições é capaz de oferecer também uma enorme gama para seu uso.
Existem as pimentas mais picantes, mais aromáticas, de diferentes cores e propriedades nutricionais. Confira as características de algumas das pimentas mais utilizadas.
E leia também: Pimenta e os seus benefícios para a saúde!
Pimenta Caiena
Você sabia que a Pimenta Caiena é uma mistura de pimentas vermelhas em pó? Isso mesmo, diferentes proporções de Pimenta Malagueta, Pimenta Dedo-do-Moça e outras dão origem à Pimenta Caiena.
Esta pimenta é bastante forte e utilizada largamente na cozinhas sul americana e asiática. Experimente em caldos, curries e em outros cozidos.
Pimenta do Reino
A Pimenta do Reino é muito utilizada na cozinha internacional. É interessante saber que as pimentas preta, branca e verde são o mesmo fruto com diferentes graus de maturação e/ou processamento – quando maduras, as bagas são vermelhas; as pretas, são as bagas verdes secas, utilizadas inteiras ou moídas; as brancas são mais maduras, descascadas e secas, por isso são mais picantes e menos aromáticas se compradas às pretas; já as verdes, muito utilizadas no famoso prato Filé au Poivre, são as bagas frescas.
Apesar de não ser originária do Brasil (foi trazida das Índias pelos portugueses), a Pimenta do Reino adaptou-se
plenamente às condições climáticas brasileiras. Hoje, o Brasil é um dos maiores produtores deste tipo de pimenta, oscilando entre a segunda e terceira posição no mercado mundial.
Pimenta Rosa
A Pimenta Rosa ou sementes de Aroeira é originária do Brasil, é suave e aromática. Esta pimenta costuma ser utilizada tanto em pratos salgados como em pratos doces.
Pimenta Jamaica
Originária do Oeste da Índia e América Latina. O seu sabor é bastante apreciado e lembra a combinação de canela, noz-moscada e cravo-da-índia. No interior dos frutos contém duas sementes que depois de beneficiadas dão um sabor especial às conservas, também são bastante utilizadas para temperar carnes e mariscos.
Pimenta Dedo-de-moça
Também conhecida como chifre-de-veado, pimenta-vermelha ou calabresa, é uma das pimentas mais consumidas no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde é muito usada no preparo de molhos ou desidratada na forma de flocos com sementes. Os frutos são alongados e vermelho, quando maduros, sua pungência é mediana.
Pimenta Malagueta
A produção é destinada tanto para o consumo in natura quanto para a fabricação de molhos e conservas. A Pimenta Malagueta é muito picante, sendo verdes quando imatura, passando diretamente para a cor vermelha quando madura. É também popularmente chamada de malaguetinha ou malaguetão, diferenciando-se apenas no tamanho.
Na culinária nordestina, é utilizada no tempero de pratos à base de peixes, carnes e outros típicos da Bahia, como o acarajé.
Outras pimentas
Cambuci ou Chapéu de Frade
É de fácil identificação devido ao peculiar formato dos seus frutos. Devido à ausência de pungência, pode ser consumida fresca, em saladas, cozida ou em conservas. No Brasil é utilizada principalmente na culinária paulista.
Biquinho
Pimenta saborosa, aromática e doce, ou seja, sem a pungência característica das pimentas. Embora raras, existem algumas “biquinho” picantes, provavelmente devido a cruzamentos com outros tipos picantes da mesma espécie, como a pimenta-de-bode. O nome se deve ao formato – triangular pontiagudo, como um “bico”.
Os frutos são usados para o preparo de conservas, mas podem ser consumidos frescos, como aperitivos, e até como “fruta”.
Cumari-do-Pará
Possui frutos de formato ovalado a triangular, de cor amarela quando maduros, aromáticos e muito picantes. É
utilizada principalmente em conservas.
Bode
É a pimenta mais popular na Região Centro-Oeste. Seus frutos são arredondados ou achatados, de
cor amarela ou vermelha, com aroma e com pungência altos. É muito usada na culinária goiana como tempero no preparo de carnes, arroz, feijão ou pamonha salgada.
Jalapeño
É uma das mais populares da América do Norte e considerada uma das melhores pimentas para molhos. O seu nome homenageia a cidade de Jalapa, capital de Vera Cruz, no México. A Pimenta Jalapeño possui pungência média e aroma acentuado, sendo consumida fresca ou desidratada ou processada (na forma de molhos líquidos e de conservas em vinagre ou azeite) ou em pó.
Serrano
É originária do México. A cor dos frutos imaturos varia de verde-claro a verde-escuro, já os frutos maduros podem adquirir coloração vermelha, marrom, laranja ou amarela. Também é chamada de pimenta-verde, devido ao consumo quase que exclusivamente fresco e ainda imatura. São mais picantes que os frutos de Jalapeño.
Tabasco
É a cultivar mais conhecida nos Estados Unidos. A pimenta Tabasco se distingue da malagueta pela cor dos
frutos durante a maturação, passando de verde para amarelo ou alaranjado e depois para vermelho. É muito utilizada para a produção de molhos.
Carolina Reaper – a mais ardida do mundo!
A pimenta mais ardida do mundo é a Carolina Reaper, cultivada nos Estados Unidos. A Carolina Reaper atinge 1.641.183 SHU (unidade de medida para medir o grau de ardência de pimentas); isso significa que, para perder a “picância”, esta pimenta precisaria ser diluída 1,6 milhão de vezes em água e açúcar.
Com todo esse universos de sabores e aromas dá ainda mais vontade de provar! Teste, experimente e descubra a sua pimenta preferida e àquelas que melhor se encaixam nas suas receitas.
Referências:
- JM Consultores, SA. Ingredients. Editora HF ullmann: China, 2012.
- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Pimentas do gênero Capsicum no Brasil. 2006. Brasília, DF. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/779776/pimentas-do-genero-capsicum-no-brasil
- Guinness World Records. Hottest Chili. 2017. Disponível em: http://www.guinnessworldrecords.com/world-records/hottest-chili
- Bogusz S Jr, Libardi SH, Dias FF, Coutinho JP, Bochi VC, Rodrigues D, Melo AM,Godoy HT. Brazilian Capsicum peppers: capsaicinoid content and antioxidante activity. J Sci Food Agric. 2018 Jan;98(1):217-224. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28573647
- Derosa G, Maffioli P, Sahebkar A. Piperine and Its Role in Chronic Diseases. Adv Exp Med Biol. 2016;928:173-184. Review. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27671817
- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Agência Embrapa de Informação Tecnológica. Anacardiaceae. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/especies_arboreas_brasileiras/arvore/CONT000fu1aqjv402wyiv807nyi6sjly92tp.html
- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Agência Embrapa de Informação Tecnológica. Myrtaceae. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/especies_arboreas_brasileiras/arvore/CONT000fu1i7dcc02wyiv807nyi6ssr5gflc.html