Tudo sobre Spirulina: o que é, funções, benefícios e como tomar
Espécies de Spirulina (ou Espirulina) têm sido utilizadas mundialmente na alimentação humana e animal, assim como na obtenção de aditivos utilizados em formas farmacêuticas e nutracêuticos.
O termo Spirulina (sinônimo de Arthrospira) se refere a um grande número de espécies de bactérias que pertencem ao filo Cyanobacteria.
As espécies mais comumente utilizadas na dieta são: S. maxima, S. platensis e S. fusiformis.
É bastante comum que a Spirulina seja denominada como “alga”, no entanto, faz parte da categoria das cianobactérias, isto é, micro-organismos que se alimentam por meio da fotossíntese.
A Spirulina tem a habilidade de ajudar a combater vírus, câncer, desnutrição, diabetes, hipercolesterolemia e outros, além de proporcionar melhorias na saúde como um todo.
Funções da Spirulina
A Spirulina apresenta propriedades antioxidantes e antimutagênicas, devido a presença de compostos fenólicos, favorecendo o seu uso como alimento funcional.
Além de utilizada como alimento, o cultivo comercial de Spirulina é realizado com diversas finalidades, como:
- Suplemento alimentar ou dietético;
- Ração animal em piscicultura;
- Produtos farmacêuticos;
- Tratamento de efluentes industriais.
Ainda, a Spirulina já foi utilizada como fonte de alimento e suplemento primordial em programas espaciais da NASA – National Aeronautics and Space Administration – agência do governo americano encarregada de pesquisa e desenvolvimento da exploração espacial.
Composição nutricional da Spirulina
A Spirulina é rica em proteínas, apresenta quantidades variando de 64 a 74%. Já os lipídeos e os carboidratos variam entre 6 a 13% e 12 a 20%, respectivamente.
Ainda em relação ao seu aporte proteico, a Spirulina apresenta uma concentração de aminoácidos essenciais (aqueles que o corpo não é capaz de produzir e devem ser consumidos através da alimentação) acima do padrão sugerido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/1985).
Entre os aminoácidos essenciais presentes na Spirulina estão: a isoleucina, a leucina, a lisina, a metionina, a fenilalanina, a treonina e a valina.
É considerada uma excelente fonte de pró-vitamina A (β-caroteno) além de ferro biodisponível e outros minerais, compostos fenólicos, ficocianina, ácido gama linoléico e ácido linolênico.
O beta-caroteno compreende 80% do conteúdo de carotenoides da Spirulina e vem sendo aplicado comercialmente como corante natural e antioxidante.
Vitamina B12
Benefícios da Spirulina
- Inibição da replicação viral;
- Atividade antitumoral, prevenindo o câncer;
- Redução dos níveis de colesterol;
- Melhora no controle glicêmico em diabéticos;
- Controle dos níveis de hipertensão arterial;
- Modulação do sistema imunológico;
- Regulação da resposta alérgica, principalmente em rinite alérgica e na congestão nasal;
- Aumento da absorção intestinal de vitaminas e minerais;
- Aumento do número de lactobacilos intestinais;
- Coadjuvante no tratamento da obesidade;
- Melhora da anemia;
- Redução da nefrotoxicidade por metais pesados e medicamentos;
- Ação antioxidante contra os radicais livres.
Além disso, a Spirulina possui algumas vantagens sobre algumas algas, pois apresenta paladar agradável e não possui problemas na sua digestão e nem toxicidade aparente aos humanos.
Efeitos contra a anemia
Um estudo concluiu que a Spirulina pode melhorar a anemia e a imunossenescência em indivíduos com mais de 18 anos, pois melhora a função imunológica e aumenta os valores dos parâmetros do hemograma.
A terapia medicamentosa da anemia por via oral frequentemente apresenta efeitos colaterais, principalmente
gastrointestinais, como náuseas, vômitos, epigastralgia, diarreia e constipação.
E dessa forma, a suplementação com Spirulina seria coadjuvante no tratamento de indivíduos anêmicos.
Efeitos antioxidantes
Os compostos responsáveis por essa atividade antioxidante são os carotenoides, tocoferóis, compostos fenólicos e, mais recentemente, as ficobiliproteínas aloficocianina, ficocianina e ficoeritrina, os principais pigmentos das cianobactérias.
Atualmente, as ficobiliproteínas são amplamente utilizadas como marcadores fluorescentes e corantes em alimentos e cosméticos, e seu valor terapêutico tem sido explorado, incluindo os efeitos antiplaquetários, imunomoduladores,
antidiabetogênicos e anti-hepatotóxicos.
Efeitos antilipidêmicos
Diversos estudos também delinearam o efeito hepatoprotetor (proteção do fígado) da Spirulina pela modulação no perfil lipídico no fígado e pela redução de produtos da lipoperoxidação.
A ficocianina atuaria inibindo a atividade de lipase pancreática e a redução da absorção jejunal de colesterol, além da reabsorção ileal de bile.
Efeitos hipotensores
Os peptídios da Spirulina são inibidores da enzima conversora de angiotensina, por isso podem ter potencial para uso no tratamento e na prevenção da hipertensão.
Efeitos contra a desnutrição
A Spirulina por ser uma ótima fonte proteica, pode inferir no crescimento muscular e assim, apresentar eficiente recuperação da desnutrição proteica.
Efeitos antiobesidade
A Spirulina é usada como coadjuvante em dietas que objetivam redução da ingestão calórica, por conter substâncias que parecem prolongar o tempo de trânsito gástrico e produzir sensação de saciedade.
Além disso, o acréscimo do nível de aminoácidos plasmáticos estimula a liberação de hormônios anorexígenos e de insulina, os quais possuem importantes papéis no controle da saciedade.
Efeitos prebióticos/imunomoduladores
A Spirulina influencia na estimulação do sistema imunológico por melhorar a sobrevivência das bactérias ácido-láticas, estimular a produção de citocinas e anticorpos e promover a atividade de macrófagos, linfócitos T e B, incluindo principalmente as células Natural Killers (NK).
O pigmento ficocianina exerce atividade modulatória do sistema imune por meio de um efeito inibitório sobre a liberação de histamina pelos mastócitos durante a resposta alérgica.
Além disso, a ingestão diária de ficocianina manteve ou acelerou as funções celulares normais, o que pode vir a prevenir o câncer ou inibir o seu crescimento.
Efeitos antidiabetogênicos
Há várias teorias para explicar esse possível efeito hipoglicemiante (que reduz os níveis de glicose no sangue) da Spirulina, entre elas estão: a modulação de atividades das enzimas hexoquinase e glicose 6-fosfatase, a ação do pigmento ficocianina e de ácidos graxos poliinsaturados, potencialização da secreção de insulina e aumento do transporte de glicose para os tecidos periféricos.
Efeitos na toxicidade renal
A toxicidade renal caracteriza-se pelo acúmulo de determinadas substâncias nos rins, em quantidades suficientes para causar um efeito tóxico.
Algumas destas substâncias, como o mercúrio inorgânico, o paracetamol, a cisplatina e a gentamicina podem ter seus efeitos tóxicos suprimidos pelo efeito protetor que a Spirulina exerce nos rins.
A Spirulina pode ter efeito benéfico no envenenamento humano por metais pesados e os efeitos colaterais nos rins podem ser menores quando essa “microalga” for ingerida junto com os medicamentos.
Efeito radioprotetor
As radiações ionizantes como os raios-X e os raios-gama podem provocar lesões que incluem efeitos mutagênicos, carcinogênicos e teratogênicos, além de diversas reações teciduais agudas e crônicas, como eritema, catarata do cristalino, esterilidade e depressão da hematopoiese.
Dessa forma, o efeito radioprotetor da Spirulina seria um componente que provavelmente atua como um fator estabilizador do DNA.
Efeitos no Câncer
O efeito da Spirulina na prevenção de câncer pode ser atribuído à presença de β-caroteno, precursor da vitamina A, o qual apresenta capacidade de controlar a diferenciação e a proliferação celulares nos epitélios.
Efeitos antivirais
É atribuído a atividade antiviral à fração polissacarídica e também aos taninos contidos na microalga.
Efeitos na microbiota intestinal
A Spirulina aumenta a quantidade de Lactobacillus no intestino e pode tornar a absorção de vitamina B1 e de outras vitaminas provenientes da alimentação, muito mais eficiente.
Como usar a Spirulina?
Antes de iniciar o consumo de Spirulina é imprescindível consultar um médico ou nutricionista, para entender suas reais necessidades e também a quantidade recomendada.
De forma geral, a dose recomendada é de 3 g por dia, podendo ser tomada em uma única dose ou de forma dividida ao longo do dia.
É recomendado tomar as cápsulas 30 minutos antes das principais refeições do dia, que são o café da manhã, o almoço e o jantar.
Uma ingestão de cerca de 10 g/dia por seis meses não induziu efeitos adversos. Porém, outros estudos devem ser realizados para que se possam sugerir níveis adequados de consumo.
Contra indicações
A Spirulina não deve ser utilizada por gestantes, mães que amamentam, crianças, adolescentes ou fenilcetonúricos. Além disso, pode causar reações alérgicas em algumas pessoas. Atente-se!
Nutracêutico
A Spirulina é classificada como um nutracêutico, pois pode ser apresentada como nutrientes isolados, suplementos dietéticos na forma de cápsulas e até produtos beneficamente projetados, ao contrário de um alimento funcional que deve ser apresentado sob a forma de um alimento convencional consumido na dieta usual.
Procedência
É necessário adquiri-la de fontes certificadas, uma vez que pode haver uma grande variação em termos de qualidade e segurança, pois se contaminada com outras espécies de cianobactérias pode conter toxinas.
Nunca inicie qualquer suplementação sem a orientação de um profissional de saúde especializado!
Referências:
- AMBROSI, M.A., et. al. Propriedades de saúde de Spirulina spp. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., vol. 29, n. 2, p. 109-117. 2008. Disponível em: https://phytopowercaps.com.br/spirulina.pdf
- SOUZA, M. M. Potencial antifúngico, antioxidante e inibidor da produção de aflatoxina por extratos fenólicos de Chlorella sp. E Spirulina platensis. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande – RS, 2012. Disponível em: http://repositorio.furg.br/handle/1/6183
- OLIVEIRA, C. A. et. al. Potencial nutricional, funcional e terapêutico da cianobactéria Spirulina. RASBRAN – Revista da Associação Brasileira de Nutrição. São Paulo, SP, Ano 5, n. 1, p. 52-59, Jan-Jun. 2013. Disponível em: https://www.rasbran.com.br/rasbran/article/view/7