Qualidades e benefícios do própolis para a sua saúde

A própolis (também conhecida como “o” própolis) é uma substância coletada pelas abelhas de diversas partes das plantas, como botões florais, brotos e exsudatos resinosos, que mistura-se às suas secreções salivares, cera e pólen, dando origem a um material de coloração, textura e consistência variadas.

É utilizada pelas abelhas para vedar pequenas frestas e diminuir o tamanho da entrada da colmeia, prevenindo a invasão de insetos e microrganismos. Funciona como isolante térmico, protegendo as abelhas e suas crias do frio.

Serve ainda como material antisséptico, sendo depositada no interior dos alvéolos onde a abelha rainha realiza a postura dos ovos e também é utilizada para embalsamar inimigos abatidos no interior da colmeia, evitando que apodreçam e contaminem o ninho.

Seu nome provém do Grego, no qual pro significa “em defesa de” e polis significa “cidade”, ou seja, em defesa da colmeia.

O uso da própolis é muito antigo, sendo utilizada no Egito antigo para o embalsamamento dos mortos no processo de mumificação e na Mesopotâmia. Seu emprego foi relatado no papiro de Ebers, escrito em 1700 a.C.

Além disso, a própolis possui um grande potencial terapêutico, principalmente em relação às atividades anti-inflamatórias, antimicrobianas, antibacterianas, antifúngicas, antivirais, antineoplásicas e antioxidantes.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA PRÓPOLIS

Sua composição química é relacionada à diversidade vegetal encontrada em torno da colmeia, por isso pode variar bastante. Acredita-se que a própolis é uma das substâncias mais heterogêneas de ocorrência natural e que mais de 300 substâncias já foram identificadas em várias amostras.

É uma mistura complexa de substâncias resinosas, gomas e balsâmicas, de consistência, textura e coloração diferentes.

Em geral é composta por 50% de resinas e bálsamos vegetais, 30% de cera de abelha, 10% de óleos essenciais e aromáticos, 5% de pólen e 5% de outras substâncias variadas, incluindo detritos de madeira e terra e resíduos orgânicos.

A própolis pode apresentar de maneira geral: hidrocarbonetos superiores, álcoois, ácidos aromáticos, ácidos graxos superiores típicos de ceras e seus ésteres, cetonas, flavonas, flavonóis, flavononas, chalconas e diidrochalconas, terpenóides, esteroides, aminoácidos, açúcares, lignanas, vitaminas (A, B1, B2, B6, C, E e B3), e minerais (sódio, potássio, magnésio, bário, estrôncio, cádmio, chumbo, cobre, manganês, ferro, cálcio, vanádio, silício, alumínio, níquel, zinco, cromo, titânio, prata, molibdênio e cobalto).

Apesar de ter composição múltipla, o maior grupo de compostos isolados da própolis e que mais vem chamando a atenção são os flavonóides, encontrados também em diversos representantes do reino vegetal.

Juntamente com os ácidos carboxílicos modificados atuam contra vários microrganismos patogênicos.

TIPOS DE PRÓPOLIS

As propriedades e a qualidade da própolis variam de acordo com a planta de onde as abelhas realizam a coleta do material para sua fabricação e com a espécie de abelha.

Dessa maneira a própolis pode apresentar diversos aspectos e variações em sua textura, cheiro e coloração, sendo essas características atribuídas a sua composição química.

A mais comum é a própolis verde, originada do alecrim do campo. Há também a própolis de copaíba, que apresenta uma coloração marrom escura, quase negra.

A própolis vermelha tem despertado o interesse de diversos pesquisadores. Algumas pesquisas já foram realizadas e os resultados têm demonstrado que ela é bem mais forte que as demais, tendo uma excelente atuação sobre células neoplásicas.

BENEFÍCIOS DA PRÓPOLIS

Os efeitos terapêuticos da própolis têm sido atribuídos aos diversos compostos fenólicos que a compõem e que estão largamente distribuídos no reino vegetal. Dessa forma, possuem a capacidade de fornecer diversos benefícios ao organismo e à saúde.

Os flavonoides são compostos fenólicos e sua ingestão interfere em diversos processos fisiológicos, auxiliando na absorção de vitaminas, atuando nos processos de cicatrização como antioxidantes, além de apresentarem atividade antimicrobiana e moduladora do sistema imunológico.

AÇÃO ANTIBACTERIANA

A capacidade da própolis em inibir o crescimento de microrganismos é a atividade farmacológica mais popularmente conhecida e comprovada cientificamente.

Ela apresenta uma atividade antibacteriana mais efetiva contra linhagens de bactérias Gram-positivas. Por isso é tão utilizada como um antibiótico natural para infecções das vias aéreas, como por exemplo, em casos de amigdalite e dor de garganta.

Suas propriedades antibacterianas são atribuídas principalmente à flavonona pinocembrina, ao flavonol galagina e ao éster feniletil do ácido caféico, com um mecanismo de ação baseado provavelmente na inibição da RNA-polimerase bacteriana.

A ingestão da própolis também está relacionada à inibição do crescimento de H. pylori e, consequentemente, de úlceras gástricas.

PODER ANTI-INFLAMATÓRIO

Dentre as várias propriedades da própolis já descritas, foi observada também a atividade anti-inflamatória atribuída à presença de flavonoides, especialmente a galangina. Este flavonoide apresenta atividade inibitória contra a ciclooxigenase e lipoxegenase, responsáveis pela formação de importantes mediadores biológicos que caracterizam a inflamação.

A própolis também tem demonstrado ação anti-inflamatória por inibir a produção de prostaglandinas e ativar a glândula timo, auxiliando o sistema imunológico através do estímulo da imunidade celular e da promoção da atividade fagocítica.

Alguns estudos atribuem essa atividade à presença de compostos tais como o ácido caféico, a quercetina, a narigenina e o éster fenetílico do ácido caféico, que seria resultante da supressão da produção de prostaglandinas e de leucotrienos pelos macrófagos.

Ainda há na própolis a presença de mais outros 15 compostos que apresentam esta atividade anti-inflamatória, entre eles o ácido salicílico, a apigenina, o ácido felúrico e a galangina.

ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

O nosso organismo produz diariamente elementos químicos capazes de causar danos às celulas, que são chamados de agentes oxidantes ou radicais livres. Eles são eliminados do nosso corpo com o auxílio de enzimas endógenas e compostos como o tocoferol, o ácido ascórbico e os polifenóis.

A ocorrência de diversas doenças está relacionada a aumentos dos níveis de radicais livres no organismo, como doenças cardiovasculares, reumáticas, neurológicas, neoplasias, osteoporose, diabetes, inflamação e envelhecimento precoce. Isso mostra a importância dos antioxidantes.

O poder antioxidante da própolis está relacionado às concentrações de compostos fenólicos, principalmente flavonoides e ácidos fenólicos.

ATIVIDADE ANTIVIRAL

Existem poucos estudos sobre a atividade antiviral da própolis relatados, porém desde muito tempo ela já vem sendo empregada.

Em estudos realizados foi observado que os extratos apresentam atividade antiviral na reprodução do vírus da influenza A e B, do vírus da vaccinia, do vírus da doença de Newcastle e atua em infecções causadas pelo Rhinovírus devido aos seus constituintes, especialmente os flavonoides.

ATIVIDADE ANTINEOPLÁSICA

Diversos compostos isolados da própolis apresentam atividade inibitória no crescimento de diversos tumores. Alguns estudos constataram a inibição de um diterpeno sobre um carcinoma no fígado.

Derivados hidrossolúveis de própolis como o ácido caféico, éster feniletil do ácido caféico e quercetina também podem ser muito úteis na modulação do crescimento tumoral.

OUTROS BENEFÍCIOS DA PRÓPOLIS

O uso da própolis também pode ser empregado no combate à formação de placa bacteriana dental, prevenindo e controlando as cáries, a gengivite, problemas periodontais e mau hálito.

A própolis também foi investigada em relação a sua atividade cicatrizante e, assim como várias outras propriedades biológicas, ela está relacionada aos flavonóides e ácidos fenólicos.

O emprego do extrato de própolis diminui as inflamações das vias aérea por sua capacidade imunomodulatória de controlar a produção de citocinas. Dessa maneira, a própolis se mostra como um promissor agente no tratamento da asma.

EFEITOS COLATERAIS

A ocorrência de efeitos colaterais da própolis podem ser provenientes de alergias e sensibilidade ao composto. Podem ocorrer anafilaxia e irritações teciduais localizadas, decorrentes do contato com o mesmo.

Embora estas manifestações alérgicas à própolis sejam bem conhecidas, a potencialidade alérgica à própolis é mais uma questão de sensibilidade individual do que uma propriedade intrínseca da mesma.

Referências:

  1. Pinto, Luciana de Matos Alves; Do Prado, Ney Robson Taironi; De Carvalho, Lucas Bragança. PROPRIEDADES, USOS E APLICAÇÕES DA PRÓPOLIS. Revista Eletrônica de farmácia, v. 8, n. 3, p. 25, 2011. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/REF/article/view/15805
  2. Albuquerque, Filipa; Romeiro, Sara; Figueiredo, Paulo. PRÓPOLIS: APENAS UM SUPLEMENTO ALIMENTAR?. 2013. Disponível em: https://repositoriocientifico.uatlantica.pt/bitstream/10884/1348/1/Propolisapenasumsuplementoalimentar.pdf
  3. Marcucci, Maria Cristina et al. Propriedades biológicas e terapêuticas dos constituintes químicos da própolis. Química Nova, v. 19, n. 5, p. 529-536, 1996. Disponível em: http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/Vol19No5_529_v19_n5_12.pdf
  4. Menezes, H. Própolis: uma revisão dos recentes estudos de suas propriedades farmacológicas. Arq. Inst. Biol, v. 72, n. 3, p. 405-411, 2005. Disponível em: http://www.biologico.agricultura.sp.gov.br/uploads/docs/arq/V72_3/menezes.PDF
  5. Park, Yong Kun; Ikegaki, Masaharu; Alencar, SM de. Classificação das própolis brasileiras a partir de suas características físico-químicas e propriedades biológicas. Mensagem doce, v. 58, n. 9, p. 3-7, 2000. Disponível em: https://www.apacame.org.br/mensagemdoce/58/artigo.htm

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