O que é Fome Oculta e como se prevenir dela
Você sabe o que é a fome oculta? A maioria das pessoas nunca ouviu falar nesse mal, que afeta 1/4 da população mundial e merece atenção.
O QUE É A FOME OCULTA?
A fome oculta é uma síndrome nutricional decorrente da carência de um ou mais micronutrientes (vitaminas e minerais).
Possui esse nome pois não age como a fome fisiológica e, sim, como uma necessidade silenciosa do organismo de certos nutrientes escassos na alimentação.
Diferentemente da desnutrição, a fome oculta se instala de forma imperceptível e não apresenta sinais clínicos de carência que são característicos das manifestações finais do quadro de ausência de vitaminas e minerais.
As três maiores deficiências nutricionais no mundo envolvem vitamina A, iodo e ferro – cuja carência (anemia) é considerada a mais comum.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fome oculta afeta uma em cada quatro pessoas no planeta. Não é um problema relacionado a poder aquisitivo e nem classe social, podendo atingir qualquer indivíduo que não se alimente equilibradamente.
CAUSAS DA FOME OCULTA
Os maus hábitos alimentares da população atual vêm acarretando este tipo de deficiência, reforçando a tese de que a ingestão inadequada de vitaminas e minerais está relacionada a costumes e questões culturais.
A população mundial vem comendo muita quantidade, porém com má qualidade nutricional. Isso ocorre pelo aumento do consumo de produtos industrializados e fast foods e diminuição da ingestão de frutas e hortaliças.
Ademais, a crescente adesão às dietas restritivas pode não fornecer as vitaminas e minerais necessários.
A alimentação inadequada mata a fome, mas pode causar doenças como a síndrome metabólica e ainda deixa o organismo vulnerável por falta de micronutrientes.
SINTOMAS E COMPLICAÇÕES
A fome oculta pode não apresentar manifestações aparentes, apenas alterações fisiológicas que muitas vezes não são perceptíveis nos exames clínicos de rotina. Seus sintomas podem começar com cansaço em excesso, esgotamento mental, falta de disposição e chegar até a questões severas.
Para identificar a fome oculta é importante que haja avaliação médica, em especial com o nutricionista ou nutrólogo. O paciente é submetido a uma série de exames bioquímicos e investigação do histórico alimentar para determinar as carências nutricionais.
Essa deficiência de vitaminas e minerais não tem efeitos imediatos, portanto suas consequências aparecem em longo prazo. Ela contribui para o aumento do risco de desenvolvimento de algumas complicações, como alguns tipos de câncer, osteoporose, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, dislipidemias e obesidade.
Também pode comprometer várias etapas do processo metabólico, com alterações no sistema imunológico e nas defesas antioxidantes. Isso ocorre porque muitos micronutrientes são responsáveis por diversas funções no organismo e pela prevenção destas enfermidades.
GRUPOS DE RISCO
Os grupos de risco da fome oculta são as gestantes e as crianças até dois anos de vida. Nessas fases, uma alimentação saudável e equilibrada é extremamente importante, pois determina o desenvolvimento físico e mental adequados.
Além disso, é na infância que se formam os hábitos relacionados à alimentação. Uma criança que cresce sem comer frutas e verduras terá muito mais dificuldade de incluir esses alimentos na vida adulta, sofrendo com os prejuízos da carência de minerais e vitaminas. Por isso é tão importante reforçar a atenção à educação nutricional e aos bons hábitos alimentares da família.
COMO EVITAR OU COMBATER A FOME OCULTA?
Para evitar a fome oculta é necessário adquirir bons hábitos e manter uma alimentação saudável e equilibrada, com o consumo de pelo menos quatro porções ao dia de frutas e hortaliças. É indicado também o aumento do consumo de alimentos com funções antioxidantes (que você encontra nesse post).
A prática regular de atividade física deve ser aliada à dieta, pois está associada à promoção da saúde e prevenção de doenças crônico-degenerativas.
Em alguns casos o acompanhamento médico é essencial, mas algumas atitudes podem mudar as condições de vida e de saúde das pessoas. A prevenção e o tratamento da fome oculta devem abordar principalmente a educação nutricional a partir de um plano alimentar equilibrado.
SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS
Dependendo do caso, o uso de suplementos vitamínicos é recomendado para suprir a carência. No entanto, é necessário realizar os exames e obter o diagnóstico médico para saber se essa suplementação é realmente necessária.
PRODUTOS FORTIFICADOS
Um dos procedimentos recomendados por órgãos internacionais como a OMS, a Food and Agriculture Organization (FAO) e Unicef para a prevenção e o combate da fome oculta são os programas de fortificação de alimentos. A adição de vitaminas e minerais aos alimentos industrializados está prevista na legislação brasileira como alternativa de consumo dos micronutrientes.
A fortificação é um processo no qual são acrescentados aos alimentos um ou mais nutrientes, contidos ou não naturalmente no mesmo, com o objetivo de reforçar seu valor nutritivo e prevenir ou corrigir eventuais deficiências nutricionais apresentadas pela população.
Os micronutrientes mais comumente acrescentados aos alimentos são o ferro, o ácido fólico, a vitamina D, o cálcio, a vitamina A, o zinco e o ômega 3. Farinhas, pães, bolos, sucos, iogurtes e leites são alguns dos alimentos enriquecidos com essas substâncias.
No Brasil, por exemplo, toda a farinha de trigo e de milho produzida tem que, obrigatoriamente, ser fortificada com ácido fólico e ferro desde 2004.
A ALIMENTAÇÃO BALANCEADA É A CHAVE
Para que ocorra uma nutrição eficiente, é necessária uma dieta balanceada. É preciso identificar e valorizar os alimentos com alto valor nutritivo, diversificando a alimentação para melhorar a qualidade e a quantidade do consumo de nutrientes.
Por isso, o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras é a principal estratégia, em longo prazo, no combate à fome oculta.
Além disso, os maus hábitos alimentares em todo o mundo podem ser revertidos por meio da educação desde a infância, que garantirão bem estar e uma vida mais saudável.
Referências:
- Vasconcelos K. Perigo: Fome Oculta. Rev. Medicina Social. ABRAMGE, 2013. Disponível em: https://www.abramge.com.br/portal/files/revista/RevMed221site.pdf
- Junqueira AH, Peetz MDS. Fome oculta. AgroANALYSIS, v. 21, n. 8, p. 8-12, 2001.