Nutrigenômica e Nutrigenética: a relação entre a dieta e o DNA

Por que será que hábitos alimentares similares podem levar a diferentes desfechos em saúde? A pergunta que intriga a ciência de Nutrição há anos começou a ganhar algumas respostas possíveis; nos últimos anos, pesquisas começaram a demonstrar que os genes e as dietas estão mais relacionados do que se sabia. Descubra mais sobre a Nutrigenômica e a Nutrigenética!

Diferença entre Nutrigenômica e Nutrigenética

O conhecimento da comunicação entre os genes e os compostos dos alimentos, como os nutrientes e os compostos bioativos possibilitou o surgimento de duas novas ciências, denominadas Nutrigenômica e Nutrigenética.

O que é a nutrigenômica

A Nutrigenômica se refere ao estudo de como os compostos presentes nos alimentos atuam na modulação da expressão dos genes e ajuda a compreender os processos fisiológicos que ocorrem no corpo após a ingestão de certos alimentos. Simplificando, aborda como as diferentes dietas podem influenciar na “genética”.

Por exemplo, os ácidos graxos do tipo ômega 3, encontrados em peixes de água fria e óleo de peixe, estão relacionados à melhora do perfil de gorduras e proteção do coração, pois atuam na expressão dos genes, influenciando alguns mecanismos que induzem a ativação de genes envolvidos com o equilíbrio das gorduras no corpo e também no metabolismo da glicose (o açúcar).

O que é a nutrigenética

A Nutrigenética estuda o efeito da variação genética na interação entre dieta e doença, com a identificação dos genes responsáveis por diferentes respostas para com a dieta. Ou seja, é o estudo de como cada genética pode responder em contato com determinada dieta.

Retomando o exemplo dos mesmos ácidos graxos ômega-3, agora falando da Nutrigenética, estudos mostram que, apesar de seus comprovados benefícios à saúde, em alguns indivíduos, seu consumo pode levar a doenças inflamatórias, devido a uma redução da atividade dos genes envolvidos na proliferação de linfócitos (um tipo de célula de defesa do corpo); daí a necessidade de dosar sua ingestão conforme as necessidades de cada pessoa, ou seja, considerando sua genética.

Resumindo, a Nutrigenômica seria a mais específica exemplificação da frase “você é o que você come”, pois além dos desfechos conhecidos da dieta e sua relação com a saúde, há o potencial da ação de padrões dietéticos no próprio material genético. Já para entender melhor a nutrigenética e suas aplicações pense no conceito de “dieta personalizada”, uma dieta pensada e programada especificamente para cada diferente genética. 

Veja a imagem que preparamos e entenda melhor esses dois conceitos:

 

Aplicação da nutrigenética e nutrigenômica na dieta

A genotipagem completa para identificar quais são todas as intolerâncias ou quais alimentos estimulam genes para doenças crônicas (obesidade, pressão alta, diabetes) ainda não está amplamente difundida, mas já é possível realizar alguns exames genéticos disponíveis, como a sensibilidade a algumas substâncias ou a propensão para doenças “comuns”.

Dietas personalizadas de acordo com o perfil genético podem levar a melhorias na qualidade de vida, prevenção de doenças e promoção da saúde. Os estudos na área da Genética Nutricional ainda tem muito a avançar, mas algumas relações vêm sendo traçadas.

Não serão apenas o peso na balança ou os exames tradicionais de sangue que vão ditar o que devemos ou não comer; a análise do genoma pode individualizar ainda mais o cardápio!

E a epigenética, o que é?

Atualmente se sabe que as informações presentes em nossa composição genética não possuem controle exclusivo sobre nossa identidade, portanto a expressão dos genes contidos em nossas células pode ser influenciada por diversos fatores em que a informação não está contida apenas no alfabeto do DNA, como hábitos da vida e o ambiente social – isto é o que estudo a Epigenética. 

A epigenética é definida como modificações do genoma que são herdadas pelas próximas gerações, mas que não alteram a sequência do DNA. Após o sequenciamento e estudos mais avançados do genoma, entender o epigenoma irá levar a um maior entendimento sobre como a expressão de genes é influenciada pela alimentação e pelo ambiente. Fique de olho!

Referências:

  1. Universidade Estadual de São Paulo. Unesp Ciência. A dieta do DNA. 2010. Disponível em: https://www.unesp.br/aci/revista/ed15/quem-diria
  2. Afonso, JM. O papel da Nutrigenómica e da Nutrigenética na Síndrome Metabólica – Prevenção, correção e nutrição personalizada. 2013. Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/32317/1/Monografia%20Jos%C3%A9%20Miguel%20Afonso.pdf
  3. Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. Posicionamento da “The Academy of Nutrition and Dietetics”: Genômica Nutricional. Disponível em: http://download.journals.elsevierhealth.com/pdfs/journals/2212-2672/PIIS2212267213017838.pdf

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