Síndrome do intestino irritável (SII): sintomas, cuidados e o que comer

O cuidado nutricional deve existir sempre, seja para pessoas saudáveis ou com alguma doença. Porém, algumas enfermidades nos exigem um pouco mais de atenção em relação à alimentação.

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um exemplo de doença que possui necessidade de cuidados alimentares especiais.

Neste texto vamos entender melhor a SII e como amenizar os seus sintomas!

O que é a Síndrome do Intestino Irritável (SII)

Para entendermos os cuidados necessários, vamos primeiro conhecer um pouco mais da SII.

A síndrome do intestino irritável é uma doença caracterizada por desconforto e/ou dor abdominal recorrente (volta a acontecer de tempos em tempos) e crônica. Além disso, nesses períodos, o funcionamento do intestino se altera.

É comum que os primeiros sintomas dessa doença aconteçam ainda na adolescência e também em torno dos 40 anos de idade. Mas, muitas pessoas acham os sintomas “comuns” e acabam não procurando ajuda médica. Com isso, a doença vai se mantendo não tratada ao longo dos anos.

As pessoas que possuem a síndrome têm sensibilidade e motilidade intestinal (movimentos do intestino para “expulsar” as fezes) aumentadas quando passam por estímulos ambientais e gastrointestinais que seriam comuns para pessoas que não possuem a doença.

Explicando… essas pessoas reagem de modo mais intenso à distensão intestinal, às mudanças na dieta e aos fatores sociais e mentais que desequilibram nosso sistema nervoso, mas que são normais no cotidiano. Enquanto que as pessoas que não possuem a SII, não têm sintomas intestinais anormais quando passam por situações rotineiras.

A SII é considerada um distúrbio funcional, porque o diagnóstico é feito por exclusão e baseado em sintomas. Além disso, essa síndrome é frequentemente descrita como um “distúrbio intestinal-cerebral”, pois possui associação com o hormônio serotonina, o hormônio do bem-estar.

Sintomas da SII

Os sintomas mais comuns na SII são: inchaço no abdômen, sensação de não ter evacuado completamente, presença de muco nas fezes, esforço para evacuar (no caso de intestino preso) ou aumento na urgência para ir ao banheiro (no caso de diarreia).

As pessoas que apresentam essa doença comumente se ausentam dos seus afazeres como escola e/ou trabalho, têm sua produtividade diminuída e a qualidade de vida também diminui por conta dos sintomas.

Além de hábitos alimentares não saudáveis e o estresse do dia a dia, alguns outros fatores podem piorar os sintomas.

Alguns exemplos são: o uso excessivo de laxantes e outros medicamentos para o trato intestinal que não precisam de receita para serem vendidos, de antibióticos e de cafeína; presença de alguma doença gastrointestinal que já tenha ocorrido; noites de sono mal dormidas; falta de repouso; e pouca ingestão de líquidos.

Em pessoas que já apresentam parentes com hipersensibilidade e alergia a determinados alimentos, a SII pode ser ainda mais “forte”.

Critérios para diagnóstico da SII

Para considerar que a pessoa possui esta síndrome, é necessária a presença de alguns critérios. Os sintomas de desconforto abdominal devem estar presentes por pelo menos 3 dias nos últimos 3 meses e possuir pelo menos duas das três características abaixo:

– Alívio do desconforto após a evacuação;
– Início da SII associado a uma mudança na frequência de evacuação;
– Início associado a uma mudança na forma das fezes.

O diagnóstico ainda classifica a SII em um desses tipos:

1) Predominância de diarreia;
2) Predominância de constipação;
3) E pessoas que possuem ambas as manifestações: diarreia e intestino preso.

Tratamentos e o que não comer

O primeiro passo para tratar a SII inclui avaliar as queixas que a pessoa/paciente apresenta, pois podem ser inúmeras. Os cuidados alimentares precisam direcionar a pessoa para que ela saiba lidar com os sintomas e os fatores que podem causá-los.

Os medicamentos necessários e as orientações nutricionais são partes fundamentais no tratamento, pois cada pessoa manifesta a síndrome de uma maneira.

Portanto, dependendo de como a SII se manifesta e dos sintomas mais presentes, é provável que o tratamento com medicação inclua remédios que controlem a motilidade intestinal ou até mesmo os sintomas psicológicos.

Outras estratégias importantes são a utilização de técnicas de relaxamento e de controle do estresse.

O tratamento nutricional deve garantir que o paciente tenha uma ingestão adequada de nutrientes. O nutricionista deve estar atento a como a doença se manifesta naquela pessoa para fazer um planejamento adequado na intenção de minimizar os sintomas.

Evitar…

Existem poucos achados científicos que indiquem que se deve restringir totalmente “esse” ou “aquele” alimento. Ou seja, não existem indicações para retirada de nenhum alimento especificamente.

Porém, sabe-se que uma quantidade grande de alimentos por refeição e determinados nutrientes podem ser mal tolerados.

Alguns desses alimentos/nutrientes são: excesso de gordura na dieta, bebidas que contenham cafeína e lactose, alimentos com frutose/lactose, adoçante sorbitol e bebidas alcoólicas.

Isso acontece de maneira mais comum em pessoas que manifestam predominância de diarreia ou alternam entre diarreia e prisão de ventre.

Já para as pessoas que apresentam predominância de constipação, uma boa estratégia pode ser a utilização de fibras na forma de laxantes. Um bom exemplo é o Psyllium.

Dicas:

É recomendado também que se consuma bastante líquido, especialmente se forem utilizados suplementos de fibras na forma de pó.

Um estudo realizado demonstrou que um grupo de pessoas com SII que foi tratado com probióticos demonstrou grande melhora em sintomas como dor ou desconforto abdominal, inchaço, sensação de evacuação incompleta, flatulência e esforço para evacuar.

Uma dieta restrita em alimentos que contêm glúten, frutose, lactose, fruto e galacto-oligossacarídeos, sorbitol, manitol e xilitol pode ser útil para diminuição de sintomas. Esses nutrientes devem ser evitados, pois são pouco absorvidos no intestino delgado e rapidamente fermentados por bactérias presentes em nossa flora intestinal. Fique sempre de olho dos rótulos!

Uma pesquisa já demonstrou que essa restrição reduz os sintomas gastrointestinais. No entanto, não foi definido um valor específico “seguro” em quantidade que esses nutrientes possam ser ingeridos. Deve ser avaliado de acordo com os sintomas de cada pessoa.

Entenda melhor sobre os alimentos a serem evitados aqui!

Dieta e Cardápios para a Síndrome do Intestino Irritável

A dieta para o paciente com SII não pode ser direcionada para todas as pessoas com essa doença. As peculiaridades de cada caso são fundamentais para o sucesso do tratamento.

Portanto, cada pessoa deve seguir uma dieta individualizada e prescrita por nutricionista.

O nutricionista pode auxiliar a pessoa com SII a identificar suas preocupações, estresses, padrões alimentares, ajudar a reduzir os sintomas através da alimentação e a escolher os alimentos mais adequados de acordo com a preferência do paciente.

Algumas ideias legais de cardápio para aliviar os sintomas podem ajudar em o que comer para diminuir ou não aumentar os sintomas da SII:

Café da manhã

Leites e derivados (sem lactose);
Pão ou cereais sem glúten e lactose (são permitidos por não conterem trigo);
Ovos;
Frutas: banana, uva em pouca quantidade, laranja, mamão, maracujá, melão, limão, morangos.
Se desejar utilizar adoçante, evite os terminados em “ol” … sorbitol, xilitol… e prefira o stevia.

Colação/Lanche da tarde/Ceia

Oleaginosas (amêndoas, castanha do pará, nozes);
Iogurte (sem lactose) e sem as frutas ricas em frutose ou polióis (maçã, pera, passas, amora, ameixa, pêssego, manga);
Biscoitos sem glúten.

Almoço e Jantar

Saladas com brotos, cenoura, aipo, milho, berinjela, alface, tomate, espinafre;
Legumes e raizes: abóbora, aipim, ou batata;
Arroz ou macarrão de arroz (sem glúten);
Carne vermelha, branca ou ovos;
Azeite de oliva extra-virgem.

Evitar: feijão, grão de bico, ervilha e leguminosas em geral; Queijos frescos como ricota e cottage; Adoçantes.

Referência:

  1. MAHAM, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 13ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 1227 p.

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