A dúvida sobre qual proteína comer depois do treino é muito comum e cercada de mitos.
Vale ressaltar que a alimentação de um atleta profissional é diferente da alimentação de um praticante de atividade física, mesmo que esta seja de alta intensidade.
Cabendo então um olhar cuidadoso quanto a recomendação de proteínas da dieta.
Os fatores determinantes da quantidade a ser consumida são:
- Tipo de exercício
- Frequência
- Duração
- Intensidade
Além disso, não apenas a proteína, mas uma oferta adequada de carboidratos para suprir a demanda energética durante o treino é imprescindível.
Proteína e Exercício
Podemos dizer que a proteína é o nutriente “queridinho” de quem pratica exercício físico, visto que suas funções incluem:
- Recuperação muscular;
- Aumento da massa magra;
- Redução da gordura corporal;
- Melhora no desempenho esportivo;
- Diminuição da sensação de dor após o exercício.
Justamente nesse ponto, há um equívoco em pensar que quanto mais proteína consumir, melhor será o resultado.
O ideal é que haja um equilíbrio entre as quantidades de nutrientes de acordo com as características citadas acima.
Aumento de Massa magra
O percentual de massa magra está diretamente atrelado ao consumo de proteína.
Nesse caso então, qual proteína comer depois do treino?
Assim como a quantidade, a composição de aminoácidos presentes na proteína é extremamente relevante.
Como, por exemplo, a leucina, que é o principal aminoácido envolvido na construção do músculo, consequentemente, no aumento de massa magra.
Além da leucina, podemos citar ainda os aminoácidos que estimulam a insulina, o GH e o IGF-1 (hormônios responsáveis por promover a formação de proteína), dentre eles:
- Arginina
- Lisina
- Glutamina
- Aminoácidos de cadeira ramificada (BCAA)
O ajuste na quantidade de proteínas, entretanto, pode interferir ainda na força durante o exercício, ou seja, em mais repetições e melhores resultados.
Quanto mais treinado o indivíduo for, melhor será a ação desses nutrientes.
Perda de Gordura
Primeiramente, não há perda de gordura sem exercício físico e alimentação saudável.
Estratégias com menor teor de carboidratos e maior teor de proteínas vêm sendo utilizadas, pois favorecem a redução da gordura corporal.
A perda de gordura não se resume a fins estéticos, pois a redução da gordura visceral (abdominal) é um importante marcador para prevenção de doenças cardiovasculares. Você pode ler mais sobre isso aqui.
A orientação, no que diz respeito à proteínas, é incluí-las em todas as refeições para favorecer saciedade e mobilização de gordura para serem utilizadas como fonte de energia.
Resistência
Em exercícios de endurance, como ciclismo e corrida, o consumo de proteínas é extremamente importante para promover a recuperação muscular. No entanto, a eficácia desse efeito está associada ao consumo conjugado de carboidratos.
Outro benefício é a melhora da performance, já que impede a fadiga muscular.
Além disso, a proteína também é responsável por atenuar a sensação de dor pós exercício.
Alimentos fontes de proteínas
Há algum tempo acreditava-se que o consumo de proteínas logo após o treino era mais eficiente para o ganho de massa magra.
Porém, novas evidências mostraram que a ingestão diária total de proteína é mais relevante, e o músculo se torna mais sensível à ação da proteína nas 24 h após o treino.
Sendo assim, incluir proteínas em todas as refeições do dia garante os estoques de aminoácidos durante o treino e o pós-treino.
Pensando em manter um balanço positivo, o ideal é ajustar as quantidades de acordo com as características individuais, mas de uma forma geral recomenda-se:
- Ingestão entre 1,4 g a 2 g de proteína/Kg de peso/dia
- Entre 10 g a 12 g de aminoácidos essenciais e 1 g a 3 g de leucina para promover o balanço positivo
Aminoácidos essenciais são aqueles que não podem ser produzidos pelo organismo.
São eles: isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e valina.
Podem ser encontrados em diversos alimentos que são consumidos diariamente, como por exemplo:
- Leite e queijo: rico em leucina
- Ovo: rico em leucina, vitamina K e selênio. Possui ótimo custo-benefício e pode ser incluído em diversas preparações
- Carne bovina: rico em leucina, ferro, selênio, vitamina A e ácido fólico
- Frango: rico em leucina
- Soja: rica em lisina e treonina
- Amendoim: quantidade razoável de leucina, isoleucina, fenilalanina, triptofano e valina.
Pensando na sinergia de nutrientes, o ideal é que a refeição pós-treino seja composta principalmente por proteínas, seguida de carboidratos.
Também pode ser complementada por alimentos que possuem ação antioxidante, vitaminas, minerais e fibras visando otimizar os resultados.
Enfim, quais alimentos podem ser consumidos após o treino? De uma forma geral:
- Vitamina de banana com leite
- Pão integral com queijo
- Ovo mexido + iogurte
- Pão integral com pasta de amendoim
- Prato de comida com arroz + feijão + carne + vegetais
- Ovo cozido + fruta
Suplementos Alimentares
Algumas situações, como necessidade de aumentar as calorias da alimentação, praticidade ou mesmo para atingir as necessidades de proteínas, podem requerer o uso de suplementos.
Os suplementos proteicos mais utilizados, são:
- Caseína (proteína do leite)
- Whey Protein (proteína do soro do leite)
- Beef
- Proteína de Arroz
- Creatina
Lembrando que antes de qualquer intervenção nutricional é imprescindível uma avaliação do estado geral de saúde através de exames laboratoriais, que devem ser avaliados pelo nutricionista para prescrição do plano alimentar.
Referências:
- Jäger, R. et al. Journal of the International Society of Sports Nutrition. 2017, 14:20. Disponível em: https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12970-017-0177-8
- Zanelli, J. C. S. et al. Creatina e treinamento resistido: efeito na hidratação e na massa corporal magra. Rev Bras Med Esporte. 2015, v 21, n 1. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbme/v21n1/1517-8692-rbme-21-01-00027.pdf
- Marchini, J. S. et al. Aminoácidos. ILSI Brasil International Life Sciences Institute do Brasil. 2016, Disponível em: http://ilsibrasil.org/wp-content/uploads/sites/9/2016/08/Aminoacidos_vers%C3%A3o-online.pdf