As pimentas são parte da riqueza cultural brasileira e um valioso patrimônio de nossa biodiversidade – Malagueta, Dedo-de-Moça, Chapéu de Bispo, Cumari Amarela, Bode, De Cheiro, Murupi, Biquinho, Jalapeño são apenas algumas das pimentas consumidas no Brasil e no mundo.
Conheça mais sobre as pimentas e seus benefícios, que vão além do sabor!
Benefícios das pimentas
Os principais benefícios das pimentas estão relacionados às substâncias bioativas como os flavonóides e outros compostos fenólicos e à capsaicina, substância encontrada na maioria das especies do gênero Capsicum annum L. e relacionada, entre outros aspectos, à ardência destes alimentos.
Apesar da grande variação de composição dependendo da espécie, muitas pimentas, principalmente as frescas, têm quantidades consideráveis de vitamina C e vitamina A (presentes nas vermelhas).
Confira o que as pimentas podem fazer por você!
1. Defensoras do organismo
Devido ao seu teor de vitamina C e outros antioxidantes a pimenta reforça o sistema imunológico, ou seja, atua melhorando as defesas do corpo e, assim, auxilia na prevenção de infecções.
Além disso, os potentes antioxidantes protegem todas as células, tecidos, órgãos e sistemas de danos causados pelos radicais livres, assim auxiliam na manutenção do funcionamento adequado do corpo.
2. Protetoras do sistema nervoso
Os compostos fenólicos presentes nas pimentas tem ação neuroprotetora, ou seja protegem o sistema nervoso contra danos e, assim, auxiliam na prevenção de doenças relacionadas a deterioração nervosa.
3. Aliadas no combate à dor
A capsaicina foi isolada pela primeira vez em 1816 e os os primeiros relatos de suas propriedades de alívio da dor surgiram em meados da década de 1850. Desde esta época, várias preparações de capsaicina têm sido utilizadas para tratar uma variedade de condições dolorosas crônicas.
Revisões sistemáticas mostraram que a capsaicina é eficaz no tratamento de uma variedade de condições, como osteoartrite, dores musculares crônicas, náusea e vômito no pós-operatório e dores de garganta, por exemplo.
4. Aceleradoras do metabolismo
O efeito termogênico das pimentas relacionado a outras propriedades podem atuar como agentes facilitadores do emagrecimento.
A capsaicina é um termogênico natural, pois eleva a temperatura corporal e obriga as células a recorrerem aos estoques de gordura para compensar o aumento do gasto energético, por isso atuam na diminuição da quantidade de gordura corporal.
5. Influentes no controle de inflamações
Os polifenóis das pimentas podem auxiliar no controle das inflamações, inclusive compostos presentes nas pimentas têm sido isolados para o uso em produtos farmacêuticos com ação anti-inflamatória.
6. Combatentes do envelhecimento precoce
Os antioxidantes presentes na pimenta ajudam a conservar a saúde da pele e previnem o envelhecimento precoce. Juntamente a este efeito, a presença de vitamina C nesses alimentos otimiza a produção de colágeno, proteína que confere mais elasticidade e firmeza à pele.
7. Protetoras do sistema digestório
A capsaicina inibe a secreção ácida, estimula a secreção de álcalis e muco e, particularmente, o fluxo sanguíneo da mucosa gástrica, que ajuda na prevenção e na cicatrização de úlceras gástricas e de outros problemas estomacais. Além disso, a capsaicina tem ação estimulante digestiva e parece atuar na absorção de nutrientes, aumentando a permeabilidade aos micronutrientes no intestino.
8. Aliadas para uma cozinha com mais sabor
Além de todos esses benefícios, consumir pimentas em diferentes preparações pode realçar os sabores e aromas dos alimentos, tornando o momento da alimentação ainda mais prazeroso.
Consumir pimenta, portanto, além de saboroso, pode trazer muitos benefícios extra à saúde. Conheça e explore toda a variedade que elas podem proporcionar.
Intensidade ou “graus de ardência”
A intensidade ou “grau de ardência”, também identificada pela palavra pungência, é determinada pela presença de substâncias chamadas capsaicinóides: a capsaicina e a dihidrocapsaicina. Estas substâncias se acumulam no tecido localizado na parte interna do fruto onde estão inseridas as sementes e são liberadas quando o fruto sofre qualquer dano físico.
Quanto mais capsaicinóides, maior será a ardência da pimenta. Os pimentões, pertencentes ao mesmo gênero das pimentas, por exemplo, tem zero de capsaicinóides, por isso não têm pungência; o mesmo ocorre com as pimentas cambuci e biquinho, que apesar de muito aromáticas, não apresentam ardor.
O teor de capsaicinóides é avaliado pela escala de Unidades de Calor Scoville (em inglês, Scoville Heat Units – SHU), por meio de aparelhos específicos. Confira os teores de capsaicinóides de algumas pimentas:
- Pimenta-redonda – 10.510 SHU (pungência baixa)
- Pimenta-jalapeño – 34.590 SHU (pungência média)
- Pimenta-malagueta – 156.370 SHU (pungência muito alta)
- Pimenta cumari-do-Pará – 219.020 SHU (pungência muito alta)
Curiosidade: Qual a pimenta mais ardida do mundo?
A pimenta mais ardida do mundo é a Carolina Reaper, cultivada nos Estados Unidos. A Carolina Reaper atinge 1.641.183 SHU; isso significa que, para perder a “picância”, esta pimenta precisaria ser diluída 1,6 milhão de vezes em água e açúcar!
Referências:
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