Você sabe o que é gordura visceral? Se não sabe provavelmente já ouviu falar, pois está fortemente associada a fatores de risco para a saúde cardiovascular e desequilíbrios metabólicos.
Ao longo dos anos, acumulamos gordura, principalmente na região abdominal, que é resultado de hábitos alimentares inadequados e estilo de vida sedentário, porém também pode ocorrer devido a desordens hormonais.
Essa camada de gordura corporal é formada por adipócitos (células de gordura), sendo considerada o principal reservatório de energia do corpo.
Mas afinal, como armazenamos essa energia? Na forma de triglicerídeos, a partir da insulina.
No entanto, após anos de estudos sobre a composição corporal, descobriu-se que essa gordura atua como um órgão endócrino, interferindo em diversos processos metabólicos.
Finalmente, vamos entender melhor o que é a gordura visceral e a gordura subcutânea e como podemos eliminá-las?
O que é gordura subcutânea
A gordura subcutânea está presente na região gluteofemoral, costas e parede abdominal anterior. É mais sensível à ação de hormônios e atua:
- Na proteção contra choques mecânicos;
- Facilitando a mobilidade sobre estruturas mais profundas;
- Como isolante térmico para manter a temperatura corporal adequada;
- Auxiliando na absorção de triglicerídeos e ácidos graxos livres, evitando que se depositem em outros locais;
- Como depósito de energia na forma de triglicerídeos para momentos de necessidade, como por exemplo, o jejum.
O que é gordura visceral
A gordura visceral está localizada entre os órgãos da cavidade abdominal e atua como um órgão endócrino, sintetizando e secretando inúmeras citocinas e hormônios.
É mais prevalente em homens, mas atinge mulheres no período após a menopausa. Suas ações implicam em:
- Maior concentração de ácidos graxos livres, elevando o risco para doenças cardiovasculares e síndrome metabólica;
- Diminuição da captação de insulina, resultando em resistência à insulina e risco para Diabetes tipo 2;
- Hipersensibilidade aos glicocorticóides (cortisol e cortisona, por exemplo) promovendo vasoconstrição (enrijecimento dos vasos sanguíneos) e consequentemente aumento da pressão arterial;
- Aumento da concentração de TNF-á (fator de necrose tumoral) favorecendo o desenvolvimento de trombose e agregação de plaquetas.
Como avaliar a gordura visceral?
Para a classificação de estado nutricional utiliza-se o cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal) através da fórmula: Peso (Kg)/Altura²
- IMC maior que 30Kg/m² é classificado como obesidade
Porém, O IMC não é considerado um método confiável, uma vez que não analisa o que é gordura visceral e/ou gordura subcutânea de forma separada, mas sim o peso corporal total.
Em contrapartida, a medida da circunferência da cintura (CC) tem sido bastante utilizada como preditora do risco de aparecimento de doenças cardiovasculares. Por isso, pode ser considerado um método indireto para avaliação da concentração de gordura visceral.
O National Cholesterol Education Program (NCEP) estabelece como ponto de corte:
- Maior ou igual a 88 cm e 102 cm, para mulheres e homens, respectivamente.
Indivíduos que estejam nesse limiar já estão dentro do grupo de risco.
Trata-se e um método de fácil aplicação e baixo custo, favorecendo sua utilização na prática clínica como indicador de risco.
No entanto, existem outros métodos que podem mensurar de forma mais precisa a concentração de gordura na região abdominal e diferenciar o que é gordura visceral e o que é gordura subcutânea.
Dentre eles podemos citar: Bioimpedância elétrica (BIA), Pesagem Hidrostática (peso submerso), Absorciometria com raio-X de dupla energia (DEXA), Ressonância magnética e Tomografia computadorizada.
Mas, o custo elevado e as limitações que estes métodos oferecem dificultam sua aplicabilidade no dia a dia.
São bastante úteis em pesquisas acadêmicas ou em atletas de alto nível, como no futebol, por exemplo.
O que fazer para eliminar a gordura visceral?
Já vimos o que é gordura visceral e que ela se acumula devido aos maus hábitos alimentares e sedentarismo, então o que fazer para evitar esse quadro?
Primeiro, é importante saber que não há uma dieta específica para a redução de gordura visceral, mas sim estratégias para a perda de peso e consequentemente redução da circunferência da cintura.
Pequenas mudanças podem contribuir para a melhora do estado nutricional, como por exemplo:
- Redução do consumo de alimentos industrializados;
- Inclusão de fibras (aveia, chia, linhaça);
- Substituição dos carboidratos refinados por integrais (arroz, pães, massas);
- Adição de ômega-3 (oleaginosas, azeite ou em cápsulas);
- Inclusão de antioxidantes (oleaginosas, legumes e frutas cítricas);
- Redução do consumo de sal e açúcar.
Um alerta importante sobre alimentação: não é necessário excluir nenhum grupo alimentar, basta equilibrar o consumo entre eles.
Assim como a mudança na alimentação, a mudança no estilo de vida também é essencial. Dentre essas mudanças, podemos citar:
- Atividade física regular, pelo menos 30 minutos ao dia;
- Horas de sono suficientes para que o corpo descanse;
- Controle do estresse;
- Intervenção medicamentosa se houver necessidade. A prescrição só deve ser feita por um médico.
Referências:
- França, G. V. A. Gordura Abdominal Subcutânea e Visceral Aos 30 Anos: Caracterização e Determinantes. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia . Universidade Federal de Pelotas (UFPel); 2014.
- Ibrahim, M. M. Subcutaneous and visceral adipose tissue: structural and functional differences. International Association for the Study of Obesity. 2009, 11-18.
- Diretrizes brasileiras da obesidade 2016 / ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica p 4 ed. São Paulo. disponível em: http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/92/57fccc403e5da.pdf
- Jemtel, T. H. Le; et al.Visceral Adipose Tissue Acumulation and Residual Cardiovascular Risk. Current Hypertension Reports. 2018, 20:77.