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Função da Vitamina K em nosso corpo e como suplementar

Em 1929, o cientista dinamarquês Henrik Dam descobriu uma substância em um estudo com galinhas, ao observar que uma dieta com baixo teor de gordura estava associada a episódios de hemorragia nesses animais.

Posteriormente, nomeou essa substância como vitamina K, derivado do dinamarquês Koagulation, devido à sua função na coagulação do sangue, ao mostrar que a inclusão de sementes contendo vitamina K interrompiam a hemorragia.

Funções da Vitamina K

Além dos carboidratos, proteínas e lipídeos, nosso organismo precisa das vitaminas (A, do complexo B, C, D, E e K) e dos minerais (como o sódio, o potássio, o zinco, o fósforo, o magnésio, entre outros) para funcionar bem.

A vitamina K possui papel fundamental nesse funcionamento, atuando não só na coagulação sanguínea, como descreveu Henrik Dam, como também em diversos outros sistemas.

Coagulação Sanguínea

A vitamina K é essencial para a formação de proteínas envolvidas na coagulação normal do sangue, prevenindo assim grandes sangramentos internos e externos.

A coagulação ocorre basicamente em três etapas: vasoconstrição, aglutinação de plaquetas e formação de trombina, além de outros fatores nutricionais envolvidos. A produção de trombina acontece a partir da proteína protrombina, que é formada através de fatores dependentes da vitamina K.

Assim, é possível notar a grande importância da vitamina K para o funcionamento normal da coagulação sanguínea, fato que motiva a continuidade de estudos sobre essa substância até hoje.

Metabolismo Ósseo

A osteocalcina é uma proteína presente no osso que é produzida durante a sua formação, e é dependente da vitamina K na vinculação do cálcio. Dessa forma, acredita-se que a vitamina K esteja ligada com a proteção do osso, reduzindo a perda óssea.

A perda óssea é comum em mulheres na pós menopausa, podendo levar a um quadro de osteoporose, embora também possa ocorrer em indivíduos de ambos os sexos após os 40 anos. A osteoporose é caracterizada pela baixa massa óssea, causando fragilidade do osso e o aumento do risco de fraturas.

Assim, é muito importante que os níveis de vitamina K estejam regulados no organismo para que se evite a doença, bem como de outros nutrientes importantes, como o cálcio, o fósforo, a vitamina D, a vitamina C, o cobre, o manganês, o zinco e o flúor.

Além disso, o excesso de fibras, proteínas e sódio na dieta também podem contribuir para o desenvolvimento da osteoporose.

Calcificação Vascular

Todos conhecem a importância do cálcio para a saúde óssea, porém seu excesso pode ser perigoso ao se depositar nas artérias, podendo originar doenças como a aterosclerose.

A aterosclerose é a causa mais comum de doença arterial coronariana, e é uma resposta inflamatória às lesões provocadas na parede das artérias. Esse processo começa na infância e leva décadas para avançar.

A vitamina K e as proteínas dependentes de vitamina K são essenciais para a mineralização óssea e na inibição da calcificação nas paredes dos vasos. Assim, a vitamina K é capaz de otimizar o uso de cálcio no organismo ao reduzir seus riscos.

Controle da Diabetes

O Diabetes Mellitus é caracterizado por um defeito na ação e/ou secreção da insulina, resultando no aumento dos níveis de glicose no sangue (hiperglicemia ou aumento do açúcar no sangue).

Sugere-se que a vitamina K possa controlar a sensibilidade à insulina, ao atuar como um hormônio que regula a glicose e o metabolismo energético.

Seus efeitos englobam a diminuição de gordura no fígado, o aumento da sensibilidade à insulina no músculo e tecido adiposo, além de maior produção de insulina pelo pâncreas.

Outras Funções

Como se ainda não fosse o suficiente, acredita-se que a vitamina K tenha muitas outras funções:

Recomendação de Ingestão de Vitamina K para Crianças e Adultos

A recomendação de vitamina K é feita em microgramas (µg), referente ao valor do consumo recomendável, baseado em levantamentos, determinações ou aproximação de dados experimentais.

Para as crianças, o valor diário ideal de vitamina K varia conforme a idade:

Para os adultos a recomendação de vitamina K varia com o sexo, sendo indicado o consumo de 90 µg/dia para mulheres e 120 µg/dia para homens.

Deficiência de Vitamina K

A vitamina K está disponível na natureza em diversos alimentos que comemos (vitamina K1) e em bactérias que habitam o intestino, que são capazes de produzi-la (vitamina K2).

Em geral, vegetais verdes folhosos, alguns legumes e óleos vegetais contém grande quantidade de vitamina K.

Por se tratar de uma vitamina lipossolúvel, ela se armazena no fígado, logo sua deficiência clínica é muito rara.

Porém, o nível de vitamina K normal no organismo pode ser interferido por:

A deficiência de vitamina K aumenta o risco de hemorragia espontânea, osteoporose e doenças cardiovasculares.

Suplementação de Vitamina K

A suplementação de vitamina K deve ser realizada no caso de deficiência, que pode ser avaliada através de exame de sangue.

Além disso, a utilização de suplementos de cálcio deve estar sempre associada com a suplementação de vitamina K, para evitar riscos de deposição de cálcio nas paredes dos vasos.

A vitamina K também pode ser suplementada na tentativa de reduzir a perda óssea e prevenir fraturas, devido aos seus benefícios na densidade mineral.

Formas suplementáveis da vitamina K

As formas naturais de vitamina K são a Filoquinona (vitamina K1) e a Menaquinona (vitamina K2). A vitamina K1 está presente nas plantas, enquanto a vitamina K2 é produzida pelo próprio corpo.

Dentro da família das menaquinonas, encontra-se um grupo de vitaminas, sendo as principais a menaquinona-4 (MK-4) até a menaquinona-10 (MK-10).

Existe ainda a vitamina K3 (menadionas), que são compostos sintéticos e que possuem atividade biológica superior a K1 e K2.

Atualmente, a filoquinona é a forma mais utilizada nos tratamentos terapêuticos. Pode ser administrada de forma injetável ou na forma de comprimidos por via oral.

Mas atenção! Não se automedique. O diagnóstico de deficiência de vitamina K deve ser feita por um médico. Nunca tome suplementos sem a indicação do seu médico ou nutricionista.

Cuidados com a Vitamina K

Pacientes em uso de anticoagulantes

Pessoas que utilizam medicamentos a base de Varfarina devem ter atenção à quantidade de vitamina K ingerida e suplementos utilizados. Por ser uma droga anticoagulante, a vitamina K pode inibir seu efeito, devido sua função na coagulação sanguínea.

Porém, nesse caso, a indicação não é retirar todas as fontes de vitamina K da dieta, e sim que se mantenha um padrão alimentar constante com relação a quantidade de hortaliças consumidas diariamente.

Dessa forma, o médico terá a possibilidade de prescrever a dosagem correta de Varfarina para o paciente, evitando assim a deficiência de vitamina K a longo prazo, por carência nutricional.

Uso indiscriminado de suplementos

Não há registros na literatura científica sobre toxicidade para vitamina K através da ingestão alimentar.

Entretanto, os suplementos são medicamentos, devendo ser consumidos apenas sob orientação profissional, afim de evitar efeitos adversos. O consumo exagerado de vitamina K via suplementação pode sobrecarregar o fígado, podendo causar doença hepática, anemia hemolítica e icterícia. Além disso, poder haver comprometimento na absorção de outras vitaminas lipossolúveis, como as vitaminas A e E.

As vitaminas A e E são muito importantes para a saúde do organismo e não devem ser deficientes. Para saber um pouco mais sobre essas vitaminas e seus benefícios confira as matérias “Para que serve a Vitamina A e quais seus benefícios” e “Para que serve a Vitamina E e quais seus benefícios”.

Referências:

  1. Krause, MV. Mahan, LK. Escott-stump, S. Krause – Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 12ᵃ ed. 2ᵃ tiragem. São Paulo:Roca, 2010.
  2. Dôres, SMC. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes – Vitamina K. Série de Publicações ILSI Brasil. 2010. Disponível em: http://ilsi.org/brasil/wp-content/uploads/sites/9/2016/05/14-Vitamina-K.pdf
  3. Klack, K., Carvalho, JF. Vitamina K: Metabolismo, Fontes e Interação com o Anticoagulante Varfarina. Revista Brasileira de Reumatologia. 2006;46(6):398-406. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbr/v46n6/07.pdf
  4. The Nobel Prize in Physiology or Medicine 1943. Nobelprize. Disponível em: https://www.nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1943/dam-facts.html