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Conheça os benefícios do óleo de coco

Se você está antenado no mundo da nutrição, deve ter ouvido falar de um vídeo que foi divulgado recentemente sobre o óleo de coco, que está circulando na internet. Nele, uma epidemiologista da Universidade de Harvard, afirma que o óleo de coco “é veneno puro”.

Existem muitas teorias sobre o óleo de coco, mas será que ele é o vilão ou o mocinho? Para responder suas dúvidas, trouxemos todas as informações sobre o óleo de coco e seus benefícios para a saúde.

O QUE É O ÓLEO DE COCO

O coco (Cocos nucifera L.) é um fruto do coqueiro, árvore que é cultivada por suas inúmeras utilidades, principalmente por seus valores nutricionais e suas propriedades.

É bastante versátil, uma vez que todas as suas partes podem ser utilizadas no desenvolvimento de diversos produtos, como a polpa, a água, a casca, as fibras e o óleo.

O óleo de coco pode ser extraído da copra, que é a polpa seca do coco, ou da polpa fresca do coco maduro. As técnicas de extração classificam o óleo de coco em refinado, virgem e extra virgem.

É uma fonte natural de gorduras saturadas (mais de 80% de sua composição), em especial de ácido láurico. Os ácidos graxos saturados caprílico, láurico e mirístico possuem entre 6 e 12 átomos de carbono e, por isso, são considerados ácidos graxos de cadeia média (AGCM). Os demais ácidos graxos saturados presentes no óleo de coco são o capróico, cáprico, palmítico e esteárico. Também é composto pelos ácidos graxos insaturados oleico e linoleico.

O produto que se apresenta na forma líquida à temperatura de 25°C é chamado de óleo; já o que se apresenta na forma sólida ou pastosa à mesma temperatura é chamado de gordura. Quanto maior o grau de saturação, mais dura a gordura será. Contudo, o óleo de coco é uma exceção pois, apesar de ser altamente saturado, é rico em ácidos graxos de cadeia média, diferentemente de outras gorduras saturadas.

O óleo de coco tem características únicas, como sabor e odor agradáveis, alta resistência à rancidez, faixa estreita de temperatura de fusão, fácil digestibilidade e capacidade de absorção.

Além disso, o coco possui inúmeras propriedades medicinais, como antibacteriana, antifúngica, antiviral, antidermatofítica, antioxidante, entre outras.

BENEFÍCIOS DO ÓLEO DE COCO

EFEITOS NA SAÚDE CARDIOVASCULAR

Sabe-se que as gorduras saturadas ricas em ácido láurico possuem um resultado mais favorável no perfil lipídico do que uma gordura rica em ácidos graxos trans. Parece também ter menos efeitos deletérios do que o ácido palmítico, presente em gorduras saturadas de origem animal.

Como já foi dito, o óleo de coco é rico em AGCM, que são diretamente absorvidos pelo intestino e enviados imediatamente ao fígado para serem metabolizados de forma rápida para produção de energia, não participando da biossíntese e transporte de colesterol.

Estudos mostraram que o óleo de coco pode reduzir o colesterol total, triglicérides, fosfolipídeos, lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) e aumentar os níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL), considerado como o colesterol “bom”.

Em recente revisão foi mostrado que, quando o óleo de coco é comparado a óleos vegetais com menos ácidos graxos saturados (como o óleo de abacate, por exemplo), ele aumenta mais o colesterol total (em especial o LDL-C), o que contribui para um maior risco cardiovascular.

Em relação aos outros tipos de gorduras saturadas, o ácido láurico apresenta maior poder em elevar o LDL-C, bem como o HDL-C. Porém, apesar de alguns estudos mostrarem a redução da relação LDL:HDL, aumento do HDL-C e redução da circunferência abdominal, outros comprovam seu efeito hipercolesterolêmico e aumento significativo da fração não HDL e triglicérides.

ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

A L-arginina, aminoácido livre presente no óleo de coco, possui a capacidade de reduzir significativamente a geração de radicais livres. Por conter vitamina C, também pode reduzir a peroxidação lipídica. Além disso, pode aumentar as enzimas antioxidantes, beneficiando a saúde e o combate ao envelhecimento precoce.

AÇÃO ANTIBACTERIANA E ANTIFÚNGICA

Os ácidos graxos de cadeia média presentes no óleo de coco e seus derivados, como a monolaurina, são eficazes na destruição de uma ampla variedade de bactérias patogênicas, por exemplo às que levam a úlceras do estômago, sinusite, cáries dentárias, intoxicações alimentares e infecções do trato urinário.

Os ácidos láurico e cáprico também podem ajudar a combater o crescimento de leveduras, como a cândida e o sapinho.

PODER ANTIVIRAL

O óleo de coco é muito eficaz contra uma variedade de vírus revestidos por lipídios, tais como os vírus da gripe, vírus pneumono, vírus da hepatite C, entre outros. Os ácidos graxos de cadeia média destroem primariamente esses organismos, interrompendo suas membranas, interferindo na montagem e maturação do vírus.

Dos ácidos graxos saturados, o ácido láurico tem maior atividade antiviral do que o ácido caprílico, o ácido cáprico ou o ácido mirístico. A monolaurina atua solubilizando os lipídeos e fosfolipídios no envelope do vírus, causando a sua desintegração.

HIDRATA OS CABELOS E A PELE

O óleo de coco é muito utilizado em loções para pele e cabelos secos por seu grande efeito hidratante. Também pode ser utilizado diretamente nas áreas ressecadas, sendo rapidamente absorvido.

Além dos efeitos antisséptico e antibacteriano, a monolaurina presente no óleo ajuda no controle de infecções superficiais da pele, como acnes por exemplo, e no tratamento de dermatite atópica.

COMO UTILIZAR O ÓLEO DE COCO?

O óleo de coco pode ser utilizado em suas formas virgem e extra virgem, em substituição a outros tipos de gorduras no preparo dos alimentos. Pode também ser aplicado na pele e cabelos. Outro modo de utilização é na forma de suplementos, porém suas evidências ainda são insuficientes.

ÓLEO DE COCO E PERDA DE PESO

Os estudos referentes ao óleo de coco relacionado à perda de peso ainda são escassos e com baixo grau de evidência. As teorias são de que os ácidos graxos de cadeia média são facilmente oxidados a lipídios e não são armazenados no tecido adiposo quando comparados aos ácidos graxos de cadeia longa. Dessa forma seu uso poderia ter efeito no tratamento da obesidade. Porém, não existem evidências suficientes de que o consumo de óleo de coco leve à redução de adiposidade.

Em relação aos benefícios que têm sido referidos sobre o óleo de coco à saúde, ainda faltam evidências suficientes para recomendar seu consumo frequente.

POSICIONAMENTOS SOBRE O ÓLEO DE COCO

A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) recomenda que o óleo de coco não deve ser prescrito na prevenção ou no tratamento da obesidade, nem como nutriente antimicrobiano e imunomodulador.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) também se posicionaram sobre o assunto:

“Considerando que não há qualquer evidência nem mecanismo fisiológico de que o óleo de coco leve à perda de peso. Considerando que o uso do óleo de coco pode ser deletério para os pacientes devido à sua elevada concentração de ácidos graxos saturados, a Sbem e a Abeso posicionam-se frontalmente contra a utilização terapêutica do óleo de coco com a finalidade de emagrecimento, considerando tal conduta não ter evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde.” E complementam: “O uso de óleos vegetais com maior teor de gorduras insaturadas (como soja, oliva, canola e linhaça) com moderação é preferível para redução de risco cardiovascular.”

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), em conformidade com a Associação Brasileira de Cardiologia, considera que “a influência dos ácidos graxos ingeridos sobre os fatores de risco das doenças cardiovasculares e sobre as concentrações plasmáticas de lípides e lipoproteínas, e o preço para a aquisição desse tipo de produto, o óleo de coco, quando utilizado, deve seguir os princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer.”

Ainda, sugere que seja utilizado em pequenas quantidades e em preparações culinárias, compostas preferencialmente por alimentos in natura ou minimamente processados, não sendo recomendado para tratamentos da hipercolesterolemia.

Referências:

  1. DebMandal M; Mandal S. Coconut (Cocos nucifera L.: Arecaceae): in health promotion and disease prevention. Asian Pacific Journal of Tropical Medicine, v. 4, n. 3, p. 241-247, 2011. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1995764511600783
  2. Marina AM, Che Man YB, Nazimah SAH, Amin I. Chemical Properties of Virgin Coconut Oil. J Am Oil Chem Soc 86:301-7, 2009. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1007/s11746-009-1351-1
  3. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular; ISSN-0066-782X. Volume 100, n° 1, supl.3, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2013000900001&script=sci_arttext
  4. Rodrigues A. Óleo de coco – milagre para emagrecer ou mais um modismo. Abeso, v. 56, p. 5-7, 2012. Disponível em: http://www.abeso.org.br/pdf/revista56/oleo_coco.pdf
  5. ABRAN. Posicionamento oficial da Associação Brasileira de Nutrologia a respeito da prescrição de óleo de coco. 2017. Disponível em: http://abran.org.br/para-publico/posicionamento-oficial-da-associacao-brasileira-de-nutrologia-respeito-da-prescricao-de-oleo-de-coco/