O mel puro é elaborado pelas abelhas, a partir do néctar e de outros sucos doces de plantas, adicionando substâncias de seu próprio organismo. Essa combinação é modificada no corpo das abelhas, sendo posteriormente colocada em favos onde irá amadurecer.
O mel é um alimento apreciado por seu sabor característico e pelo seu considerável valor nutritivo, mas sua oferta costuma ser menor do que a procura, o que torna seu preço relativamente alto.
Por este motivo, a adulteração do mel acaba se tornando comum e geralmente é feita através da adição de açúcares comerciais, derivados da cana-de-açúcar e do milho, como o xarope de milho, o xarope de açúcar, o xarope de açúcar invertido de beterraba e amido, comprometendo sua qualidade nutricional e interferindo em suas propriedades terapêuticas.
O mel verdadeiro é um dos alimentos mais puros que existem, mas diante dessas adulterações, como descobrir se o mel que você quer é realmente puro?
Classificação do mel
O mel é classificado de acordo com seu processo de obtenção e características físicas e químicas em:
1. Processo de obtenção
- Mel virgem – produto que flui espontaneamente dos favos;
- Mel centrifugado – obtido por processo de centrifugação;
- Mel prensado – obtido por compressão à frio;
- Mel em favos – mantido dentro dos próprios favos.
2. Características físicas e químicas
- Mel de mesa;
- Mesa industrial.
Existe ainda a classificação segundo sua origem:
- Mel floral: obtido dos néctares das flores;
- Mel unifloral ou monofloral: quando o produto procede principalmente de flores de uma mesma família, gênero ou espécie e possui características sensoriais, físico-químicas e microscópicas próprias;
- Mel multifloral ou polifloral: é o mel obtido a partir de diferentes origens florais;
- Melato ou Mel de melato: obtido principalmente a partir de secreções das partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que se encontram sobre elas.
Legislação brasileira
Segundo a Resolução – CNNPA nº 12, de 1978 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o mel não poderá conter substâncias estranhas à sua composição normal, nem ser adicionado de corretivos de acidez. Poderá se apresentar parcialmente cristalizado e não apresentar caramelização, nem espuma superficial.
É permitido o aquecimento do mel até o máximo de 70ºC, desde que seja mantida a sua atividade enzimática. É proibida a adição de corantes, aromatizantes, espessantes, conservadores e edulcorantes de qualquer natureza, naturais e sintéticos.
As características comuns ao mel incluem aspecto líquido denso, viscoso, translúcido ou parcialmente cristalizado, sua cor pode ser levemente amarelado à castanho escura, cheiro e sabor próprio.
O mel de mesa deve ter no máximo 21% de umidade, 10% de sacarose e 2% de acidez em mililitro de solução normal, enquanto o rótulo deve indicar a denominação “Mel” seguida da classificação e o Selo de Inspeção Federal – SIF.
Na lista de ingredientes é possível verificar se o mel possui ou não aditivos, o que revelará que ele não é puro, em caso positivo.
Apesar destas orientações previstas por lei, sempre é possível encontrar mel sendo vendido sem nenhuma especificação e por isso conhecer as características do mel puro ajuda na identificação de adulterações. Veja só!
Características do mel puro
O mel puro, por ser uma solução saturada de açúcares cristalizados, apresenta baixa umidade, é viscoso e possui condutividade elétrica.
Estes são os principais indicativos de um mel de qualidade e, pensando neles, te apresentamos quatro testes práticos que vão te auxiliar a descobrir se o mel que você quer é realmente puro:
1. Teste de viscosidade
Coloque um pouco de mel em seu polegar e veja se ele adere juntando ao dedo indicador. Se isso acontecer, é porque realmente é mel natural. O mel adulterado escorre facilmente, sendo mais líquido que viscoso.
2. Teste de condutividade elétrica
O mel puro é inflamável – pegue uma colher de mel, coloque um palito de fósforo na superfície e risque em seguida. Se o mel for falso ele não acenderá ou irá acender e apagar rapidamente, pois terá quantidade superior de água quando comparado ao mel puro.
3. Teste da cristalização
O mel puro cristaliza ao longo do tempo. Um mel falso ou adulterado ficará parecendo xarope, não importa quanto tempo estiver armazenado.
4. Teste da umidade
Derrame algumas gotas de mel em papel borrão, e veja se é absorvido. Se for absorvido, o mel não é puro. Se não tiver papel borrão, derrame um pouco de mel em um pano branco, e lave o pano. Se houver mancha de mel, provavelmente ele não é puro.
Bônus:
Além destes testes, uma forma barata e efetiva de reconhecer se um mel é puro é a reação de lugol. Veja como fazer:
- Misture uma colher de mel com uma colher de água. Mexa bem, e pingue 3 gotas de lugol (solução de iodo 2%, a venda em farmácias). Misture e verifique a cor. Se escurecer é porque há amido no mel, portanto ele não é puro.
Agora que você já sabe como identificar um mel verdadeiramente puro de várias maneiras, não deixe de incluir o mel no seu dia a dia, não apenas para adoçar, mas para acrescentar um alimento energético, funcional e de alta qualidade nutricional na rotina.
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Referências:
- Udesc – Universidade de Santa Catarina. Produção: Jornal Sul Brasil. Caderno SB Rural. O mel e suas propriedades. Autoras: Suzana Just e Cássia Nespolo. Edição 47. 30.09.2010. Disponível em http://udesc.br/arquivos/ceo/id_cpmenu/1043/caderno_udesc_047_15197416503848_1043.pdf
- Góis, G.C. et al. Composição do mel de Após mellifera: requisitos de qualidade. Acta Veterinaria Brasilica, v.7, n.2, , p.137-147, 2013. Disponível em https://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/acta/article/download/3009/5219
- BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução CNNPA n°12, de 1978. Mel. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/12_78_mel.htm