Muitas especiarias, como as pimentas, fazem parte de um grupo de alimentos capazes de proporcionar diversos benefícios à nossa saúde, principalmente pela presença de compostos bioativos em sua composição.
A pimenta do reino (Piper nigrum), também conhecida como pimenta preta, tem sua origem na Índia, mas nos dias de hoje seu cultivo ocorre em diversos países como Indonésia, Malásia, Vietnã e Brasil. Seus componentes incluem: semente, casca, fruta, flor e raiz e são utilizados como um “toque” a mais nas preparações, trazendo sabor, aromas agradáveis e também cor aos alimentos.
Neste texto vamos entender melhor os benefícios que a pimenta do reino pode nos fornecer… além de dicas de como planta-la e utiliza-la em nosso dia a dia.
Características e propriedades
A pimenta do reino preta é a forma seca dos frutos de pimenta verde e o calor fornecido durante o cozimento ajuda no rompimento das paredes dos grãos.
O processo completo de cozimento gera ainda mais reações que resultam na mudança de cor do grão, o levando a tonalidade escurecida.
Os grãos de pimenta são ricos em vitaminas A e K, além de fibra dietética, cálcio, magnésio, potássio, manganês, fósforo e betacaroteno. O óleo essencial da pimenta preta contribui para o aroma, a oleoresina contribui para o sabor geral, e o alcaloide chamado piperina transmite a sensação forte e pungente ao consumir.
Benefícios da pimenta do reino
Os benefícios no consumo das especiarias e especialmente da pimenta do reino são inúmeros. Vamos conhecer alguns.
Digestivo: como vimos acima, a piperina, um dos componentes da pimenta do reino, além das características sensoriais, também nos fornece benefícios à saúde.
Esse composto facilita a digestão e reduz o tempo de passagem do alimento no intestino, melhorando a estimulação da enzima digestiva e a secreção de saliva (essencial para o início do processo digestivo).
Além das funções de proteção gástrica, a piperina contribui para a proteção do fígado e para a absorção de vitaminas e minerais.
Antioxidante: a pimenta preta é rica em potentes ácidos fenólicos e antioxidantes. É, portanto, uma especiaria importante para melhorar o estresse oxidativo.
O estresse oxidativo é algo natural do nosso organismo, mas pode ser potencializado por má alimentação, contato com fatores externos como a poluição ou uso de cigarros. Os compostos fenólicos presentes da pimenta do reino podem auxiliar na diminuição desse estresse.
No geral, a pimenta preta contém quantidades significativas de compostos bioativos que são úteis na prevenção de várias doenças, como doenças neurodegenerativas (Alzheimer), câncer, entre outras.
Anti-inflamatório: o processo de inflamação pode levar ao desenvolvimento de várias doenças que incluem artrite, Parkinson e até o câncer. Dietas contendo ingredientes funcionais como a pimenta preta têm efeito anti-inflamatório potencial.
A piperina é um ingrediente ativo muito útil contra essas respostas inflamatórias do organismo. Estes componentes protetores são importantes para prevenir distúrbios como artrite reumatoide, por exemplo, e controlar doenças associadas à inflamação.
Antimicrobiano, antiparasitário e repelente: a pimenta preta possui propriedades antimicrobianas e pode limitar consideravelmente o crescimento de Staphylococcus aureus e Salmonella, bactérias que podem trazer sérios riscos à saúde.
Estudos também demonstram uma eficácia antiparasitária da pimenta preta contra Giardia e espécies de Entamoeba.
Um dos papéis interessantes da pimenta preta está relacionado ao potencial repelente contra vários insetos e roedores. Uma pesquisa observou que a pimenta do reino moída polvilhada foi eficaz para repelir moscas domésticas e ainda inibir que elas ponham ovos.
No geral, a pimenta preta possui atividade contra vários micro-organismos e ainda pode atuar desde a preservação de alimentos até a prevenção de infecções em nosso organismo.
Absorção de nutrientes: a pimenta do reino auxilia uma maior absorção de nutrientes, como a metionina, cálcio, selênio, vitaminas do complexo B e betacaroteno.
Cardiovascular: as propriedades de auxiliar na redução do colesterol e nos níveis de triglicérides, e LDL (colesterol ruim) são as principais razões para a pimenta do reino ser considerada benéfica para o coração. Controlar esses fatores reflete diretamente na prevenção de doenças cardiovasculares.
Termogênico: a piperina também influencia no gasto de energia ou termogênese de quem consome a pimenta do reino. Considerada um termogênico, a pimenta preta acelera algumas reações em nosso metabolismo, aumentando o gasto calórico.
Conheça outros benefícios das pimentas aqui.
Utilização da pimenta do reino na culinária
Comumente vemos a pimenta do reino ser vendida em sachês de tempero. Essa forma moída é a mais utilizada em nossa culinária e pode ser adicionada a carnes, aves, legumes, verduras, sopas, caldos, molhos ou em qualquer prato que você desejar.
A pimenta do reino também pode ser usada na forma de grãos inteiros, ou até mesmo moê-los na hora do preparo, pois a pimenta já moída na embalagem pode ao longo do tempo perder suas propriedades nutricionais.
Pimenta do reino faz mal?
Algumas pessoas podem apresentar sintomas de alergia como sintomas intestinais ou gástricos, coceiras, entre outros, ao consumirem alguns tipos de temperos. A pimenta do reino é um deles.
Além disso, o uso excessivo de pimenta do reino pode ocasionar problemas renais e não é indicado para pessoas com problemas gástricos, como gastrite ou úlceras, ou ainda diverticulite. O consumo dessa pimenta, seu ardor ou até mesmo o contato com as mucosas pode causar desconfortos.
Como plantar e cultivar
Este tipo de planta necessita de clima úmido e tropical e pode ser cultivada em temperaturas que variem de 23°C até 28°C e umidade alta.
Você deve preparar uma mistura de terra preta, uma parte de argila e outra de areia de rio para a drenagem;
Coloque a mistura no vaso escolhido e plante a muda de pimenta. Não esqueça de colocar um tutor para auxiliar o crescimento dos ramos;
Não deixe o vaso diretamente exposto ao sol, mas sim em meia sombra. Regue o solo, mas nunca deixe encharcado.
À medida que os frutos forem amadurecendo, colha com cuidado para não quebrar os ramos.
Leia mais em: Tipos de pimenta: conheça suas diferenças, benefícios e como usar!
Referências:
- Butt, Masood Sadiq, et al. “Black pepper and health claims: a comprehensive treatise.” Critical reviews in food science and nutrition 53.9 (2013): 875-886. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23768180
- Westerterp-Plantenga, Margriet, et al. “Metabolic effects of spices, teas, and caffeine.” Physiology & Behavior 89.1 (2006): 85-91. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16580033
- Coan, Luciana M., Pollyanna C. Kinupp, and Ary G. Silva. “Reações de hipersensibilidade a temperos usuais na culinária5.” Natureza on line [Periódico on-line] 6.2 (2008). Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Ary_Silva/publication/237595482_Reacoes_de_hipersensibilidade_a_temperos_usuais_na_culinaria5/links/00b495321adcad2099000000/Reacoes-de-hipersensibilidade-a-temperos-usuais-na-culinaria5.pdf