A preocupação com as “gorduras localizadas” e, principalmente, como eliminá-las é muito comum. Mas, será que isso é possível através da alimentação?
Vamos entender melhor!
O que é a gordura localizada?
A lipodistrofia, mais conhecida como gordura localizada, nada mais é do que o acúmulo de tecido adiposo em algumas partes do corpo.
Este acúmulo pode ser encontrado em diferentes regiões do corpo, que variam de pessoa para pessoa, sendo que alguns indivíduos acumulam gordura na região abdominal, o que chamamos de tendência “androide”, e outros na região do quadril, a tendência “ginoide”.
Fatores como a genética, a alimentação habitual, o sedentarismo e até mesmo a má postura influenciam o aparecimento da lipodistrofia.
Questões ligadas ao gênero também influenciam maneiras distintas de gorduras localizadas, afinal, as alterações hormonais no sexo feminino acontecem em duas diferentes fases da vida, sendo assim, há uma duplicação de células gordurosas.
A primeira fase acontece desde o começo da adolescência. A puberdade induz esta duplicação das células gordurosas que se depositam sobre, principalmente, os flancos, coxas, joelhos, abdômen, quadril e mamas. Este processo acaba desenvolvendo as características sexuais secundárias da mulher conforme a carga genética.
A segunda fase é no período de gestação. A interferência hormonal proporciona a duplicação de células gordurosas. Há inúmeros casos de mulheres que alcançaram seu peso anterior à gravidez, mas ficaram com alguns depósitos de lipodistrofia localizada. O mais comum é o abdômen.
Outro fator importante é a idade. Conforme os anos vão avançando e a mulher aumenta seu peso corporal, os adipócitos têm seu volume aumentado e mais gordura acumulada em depósitos localizados. No caso do sexo masculino, os homens apresentam menor facilidade ao acúmulo destas lipodistrofias, todavia, caso ocorra esta circunstância, a maior incidência é aparecer na região abdominal e pode estar diretamente ligada a doenças cardiovasculares.
Eliminar estas gorduras do corpo é uma tarefa difícil, mas não impossível. Praticar exercícios físicos regularmente é fundamental e indispensável, entretanto, uma alimentação saudável e balanceada também pode auxiliar!
Como eliminar gorduras localizadas com a alimentação?
A má alimentação durante uma determinada fase, principalmente em relação a ingestão de carboidratos simples, como pães brancos, açúcares, doces, guloseimas e refrigerantes, além de um alto consumo de bebidas alcóolicas, pode contribuir para um maior acúmulo de gorduras localizadas.
No entanto, o contrário não é tão verdadeiro assim. Não existem alimentos milagrosos que atuem diretamente na gordura localizada a fim de eliminá-la. O que pode auxiliar nessa questão é um conjunto de hábitos alimentares saudáveis.
A boa notícia é que para manter uma alimentação equilibrada, com consequente manutenção de um peso saudável, não é necessário restringir diversos alimentos, veja só:
- Ao consumir alimentos ricos em carboidratos, como pães, massas e cereais, opte sempre pela opção integral. Com maior aporte de fibras, esses alimentos auxiliarão na sensação de saciedade, evitando o consumo alimentar exagerado nas próximas refeições;
- Ao consumir carnes bovinas, suínas ou aves, retire toda a gordura visível desses alimentos (como a pele do frango e a gordura lateral da picanha, por exemplo). Esses alimentos já possuem gorduras que não conseguimos visualizar! Ainda, aposte em carnes mais magras, como o peito de frango, o filé mignon suíno, o lagarto e o patinho, por exemplo;
- Opte SEMPRE por leites e iogurtes desnatados. A quantidade de gordura presente nesses alimentos é bem menor quando comparados aos produtos integrais;
- Parece clichê, mas não é: o consumo de três porções de frutas ao dia e o consumo de verduras e legumes no almoço e no jantar contribui SIGNIFICATIVAMENTE com a perda de peso e com a diminuição da gordura corporal;
- Consuma mais gorduras boas, as gorduras insaturadas. Presentes no azeite de oliva, no abacate, nos peixes gordurosos e em algumas sementes como a linhaça, são ESSENCIAIS para o equilíbrio de gorduras no sangue, além de promover uma sensação de saciedade prolongada e ajudar a reduzir os picos de açúcar no sangue;
- Estudos científicos recentes demonstraram que o consumo de alimentos probióticos, micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro, também podem auxiliar na manutenção do peso por seus diversos benefícios à microbiota intestinal. As principais aplicações dos probióticos são realizadas em produtos lácteos, como leites fermentados e iogurtes. Atualmente, as principais bactérias utilizadas pertencem aos gêneros Lactobacillus, Streptococcus, Bifidobacterium e Lactococcus;
- Aumente o consumo de alimentos termogênicos, os quais ajudam a “acelerar” o metabolismo, elevando a temperatura corporal e aumentando a mobilização destes depósitos de gordura. Entre eles, destacam-se: chá verde, gengibre, pimentas, canela;
- A água é essencial para manter a saúde do organismo e ainda ajuda a emagrecer e desinchar. Quando não bebemos água suficiente, o corpo fica desidratado e, consequentemente, retém líquidos para se precaver contra a falta. Além disso, ao ingeri-la antes das refeições, há menos espaço no estômago — o que faz com que haja um consumo menor de alimentos;
- O excesso de sal refinado na alimentação traz uma série de complicações à saúde. Além disso, dificulta o emagrecimento porque faz o organismo reter líquidos. Portanto, o ideal é substituí-lo por outros tipos que, além de não causarem danos à saúde, ainda nos trazem excelentes benefícios, como o sal de ervas;
- O consumo de alimentos ultraprocessados, como as bolachas recheadas, os bolos recheados, os refrigerantes, os salgadinhos de pacote e os fast foods devem ser praticamente eliminados dos seus dias alimentares.
E, claro, a prática de exercício físicos de alta intensidade também não pode ficar de fora!
Referências:
- Stewart PM. Tissue-specific Cushing’s syndrome uncovers a new target in treating the metabolic syndrome – 11beta-hydroxysteroid dehydrogenase type 1. Clin Med 2005. Disponível em: http://www.clinmed.rcpjournal.org/content/5/2/142.long
- Lohman TG, Roche AF, Martorell R (eds). Anthropometric standardization reference manual. llinois: Human Kinetics Books; 1998;
- Kooy K, Seidell JC. Techniques for the measurements of visceral fat: a practical guide. Int J Obes 1993.